Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de abril de 2022
Um estupro coletivo cometido por membros do Exército russo em Bucha teria resultado na gravidez da vítima, uma adolescente ucraniana de 14 anos. Moradora de Bucha, a menina é a única vítima confirmada até agora na Guerra na Ucrânia que engravidou após abusos dos soldados invasores.
O caso foi relatado pela psicóloga Aleksandra Kvitko, membro da Associação Nacional de Psicologia e da Associação Ucraniana de Psicanálise. Ela acompanha outros quatro casos suspeitos, também envolvendo menores que estariam grávidas após sofrerem abuso — a vítima mais jovem teria apenas dez anos.
De acordo com Aleksandra, a família da vítima decidiu manter a gestação após os médicos que a atenderam alertarem que um aborto naquele momento poderia impedir que ela engravidasse no futuro.
Segundo Aleksandra, a denúncia formal ainda não foi feita por resistência dos familiares da adolescente, mas ela trabalha com esse objetivo, como forma de incentivar outras vítimas a procurarem ajuda médica.
“Meninas de 14, 15, 16 anos são frequentemente estupradas. Depois da guerra, haverá muitas adolescentes grávidas na Ucrânia”, disse Aleksandra à Rádio Svoboda, da Ucrânia.
Trabalhando em uma linha telefônica direta de atendimento para casos desse tipo, Aleksandra já recebeu 101 denúncias de crimes sexuais nos territórios ucranianos recentemente libertados da invasão russa, como é o caso de Bucha, em dados atualizados até a última segunda-feira, dia 25.
Também à Rádio Svoboda, a ex-ministra do Trabalho e Política Social da Ucrânia Lyudmila Denisova, que também trabalha atendendo vítimas da guerra, afirmou que 12 casos de gravidez decorrente de estupro foram relatados até agora, mas ela acredita que ainda há subnotificações.
Diretora do Centro de Liberdades Civis da Ucrânia, Oleksandra Matviychuk aponta um outro problema. Em uma rede social, ela afirmou que “mulheres ucranianas que foram estupradas por russos e deixadas na Polônia não podem fazer abortos lá”, por conta das leis locais, que permitem o aborto em caso de estupro apenas mediante uma denúncia formalizada na polícia — o que não costuma acontecer para preservar as vítimas.
“Psicólogos na Polônia estão convencendo-a de que uma nova vida é maravilhosa. [Mas] Eles destroem a vida de ambos. Conversamos com nossos colegas na Polônia. Eles realizarão uma campanha de informação para que as vítimas de violência sexual saibam a quem podem se dirigir e como podem deixar a Polônia, se necessário. Como o estupro é o crime mais oculto, simplesmente não conhecemos todos que precisam de ajuda”, publicou Oleksandra em uma rede social.