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Mundo Putin é de esquerda ou de direita? Analistas respondem

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Políticas da Rússia nas últimas décadas são mais próximas aos programas defendidos por nomes ligados ao conservadorismo. (Foto: Getty Images)

A guerra lançada pela Rússia contra a Ucrânia há pouco mais de dois meses foi seguida por grande condenação internacional, em especial das potências ocidentais, e por reações mais comedidas de nações como Brasil e Argentina, comandadas por líderes que estão em campos opostos do espectro político, mas preferem preservar boas relações com Moscou.

Nesse contexto, um questionamento surgido algumas vezes ao longo dos 22 anos de Vladimir Putin no poder foi retomado: afinal, o líder russo é de esquerda ou de direita? Ou ele não se encaixa em nenhuma dessas tendências ideológicas? Para responder a essas perguntas, o jornal O Globo ouviu alguns especialistas, que traçaram as nuances que definem o líder do Kremlin.

“Muita dessa confusão se deve ao pragmatismo da política externa russa, que estabelece suas alianças com países ideologicamente distintos desde que ofereçam uma resistência ao eixo atlantista e liberal liderado por EUA e Europa Ocidental. Por isso, a Rússia apoia tanto a esquerda bolivariana na América Latina, como [o presidente da Venezuela, Nicolás] Maduro, quanto a direita radical europeia, como [a líder de extrema direita francesa Marine] Le Pen”, afirmou David Magalhães, professor de Relações Internacionais da FAAP e cofundador do Observatório da Extrema Direita Brasil.

Putin chamou o fim da União Soviética de “maior tragédia geopolítica do século XX” e em 2007 afirmou, em discurso na Alemanha, que o mundo passara a ser multipolar, deixando para trás o momento unipolar, sob o comando dos EUA, que se seguiu ao fim da Guerra Fria.

Com isso, acenava ao surgimento de novas potências, como a China, e decretava que a Rússia havia voltado ao clube das grandes potências. Ao mesmo tempo, Putin ressalta a imagem de grandeza russa, por vezes evocando o passado imperial e a URSS, e se apresenta como uma alternativa aos Estados Unidos e ao Ocidente.

“Há dois eixos na política global: o esquerda versus direita e o globalistas versus nacionalistas. Putin confunde esses termos. No caso da América Latina, temos uma agenda muito forte ligada ao nacionalismo e uma esquerda mais cética a acordos de livre comércio, ao contrário da Europa, onde a esquerda apoia a União Europeia. Isso explica em parte a adesão desses grupos a Putin”, afirma Maurício Santoro, professor de Relações Internacionais da Uerj. “Alguns também veem em Putin uma alternativa aos EUA.”

Para David Magalhães, parte do apoio a Putin na esquerda reflete também posições que seguem intocadas desde a Guerra Fria, quando EUA e URSS dividiram o mundo em áreas de influência.

“Eles defendem uma aliança tática com a Rússia contra um mal maior, isto é, os EUA e a Otan. Não param pra pensar se a Rússia, ao atropelar a soberania dos países vizinhos, também não estaria agindo como um império”, ressaltou.

‘Direita radical’

Se no campo externo as posições de Putin podem confundir conceitos e visões políticas, na política interna os especialistas são unânimes: o homem que comanda a Federação Russa desde 2000 tem políticas ligadas ao conservadorismo e que vão contra valores liberais ou progressistas.

David Magalhães aponta que a base de apoio de Putin é ligada à elite econômica da Rússia pós-soviética e também inclui as lideranças da conservadora Igreja Ortodoxa Russa — o patriarca Cirilo é um de seus maiores aliados. Esses aspectos, segundo Fernanda Magnotta, definem melhor Putin do que os rótulos de “esquerda” e “direita”.

“Putin é mais bem explicado quando lido como um conservador de perfil autocrático, que se orienta por um nacionalismo religioso, de fortes traços populistas e apelo identitário, no contexto de uma cultura patriarcal”, define Fernanda.

Nas últimas duas décadas, a Rússia é apontada como uma fonte de apoio político e financiamento da extrema direita na Europa, em países como França, Itália e Áustria. Também há laços mal explicados entre Moscou e setores republicanos nos Estados Unidos.

“Os maiores entusiastas de Putin são de uma corrente política de direita, como Le Pen, Viktor Orbán, Donald Trump, que têm uma agenda crítica ao liberalismo, defendem um Estado-nação fortalecido, pessoas que criticam a agenda progressista”, afirma Santoro.

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