Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de maio de 2022
Eduardo Leite (foto) perdeu as prévias para Doria em novembro de 2021
Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio PiratiniCom João Doria (PSDB) fora do páreo para a disputa presidencial, um grupo do PSDB apresentará na reunião da executiva nacional do partido prevista para esta terça-feira (24) o nome do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite para a Presidência.
“Vai começar o movimento para chamar o segundo lugar nas prévias. A tese vai ser apresentada amanhã [terça, 24]”, disse um dirigente tucano, sobre nova investida para o gaúcho representar o partido na eleição.
A argumentação é de que o PSDB deve manter sua candidatura e passar para o segundo colocado nas prévias, mesmo com uma eventual negociação com partidos da terceira via em andamento.
O movimento mostra que o caminho para apoiar a candidatura de Simone Tebet, pré-candidata do MDB ao Planalto, também enfrenta resistência de parte do PSDB.
Logo após a desistência de Doria, o presidente do partido, Bruno Araújo, defendeu conversas com o Cidadania e MDB para alinhar um nome em comum para a eleição de outubro. Além de Tebet, o União Brasil, outra sigla disposta a conversar com os tucanos e integrar a chamada terceira via, oferece o nome de Luciano Bivar como presidenciável.
Embate
A mudança de cenário marcada pela desistência de João Doria, no início da tarde desta segunda-feira (23), marca o início de um novo embate entre dois grupos na sigla: o que defende a unidade em torno de Simone Tebet e o que quer reconvocar Leite para ser o candidato do partido.
“Nada mais justo diante de um movimento desses do que convocar o segundo colocado nas prévias para ser o candidato do partido”, diz um proeminente integrante do grupo que apoiou Leite na disputa interna.
Repercussão
Políticos reagiram ao anúncio feito de Doria, que justificou a decisão pela falta de apoio tucano à manutenção da pré-candidatura.
O PSDB negocia com MDB e Cidadania uma candidatura única para a disputa da Presidência da República.
Saiba o que políticos disseram sobre a desistência de Doria:
— Aécio Neves, deputado (PSDB-MG): “A decisão do ex-governador João Doria de afastar-se da disputa presidencial obriga o PSDB a reabrir a discussão sobre como vamos enfrentar as próximas eleições. Continuo defendendo, como sempre fiz, que tenhamos candidatura própria. A partir da decisão do ex-governador paulista, o partido está em condições de analisar outros nomes da nossa legenda que possam liderar não só o PSDB, mas também importantes setores do centro democrático, nesse momento grave da vida nacional.”
— Alexandre Frota (PSDB-SP), deputado: “Acho que essa foi a melhor decisão. Agora, está no colo deles. Fiquei triste, porque acho que o João seria a melhor opção para o nosso país. É um grande gestor, uma pessoa que poderia levar o país à modernidade. Com certeza o país iria melhorar muito. Mas sei das pressões que aconteceram, de como tudo se desencadeou.”
— Alexandre Padilha (PT-SP), deputado: “Doria anunciou que vai se retirar da disputa pra presidência da república. Dessa maneira, o PSDB não vai ter um representante no pleito democrático pela primeira vez desde a redemocratização. Está cada vez mais claro que a terceira via não tem espaço.”
— Alexis Fonteyne (Novo-SP), deputado: “Doria acaba de anunciar que não concorrerá mais à presidência da república. Considero-o um bom gestor, fez bons trabalhos à frente da prefeitura e governo. Minha crítica fica pela forma como fechou os negócios durante a pandemia e como criticava mais do que mostra o seu valor.”
— Carla Zambelli (PL-SP), deputada: “O homem do 1% desistiu! Tchau, querido!”
— Eduardo Leite (PSDB-RS), ex-governador do RS e adversário de Doria nas prévias do PSDB: “O PSDB teve candidato legítimo oriundo das prévias, que agora faz gesto pela unificação da terceira via sob liderança de outro partido. Gesto importante de João Doria, que merece respeito. As circunstâncias adversas de uma eleição não diminuem a relevância do seu legado para o Brasil”.
— José Serra (PSDB-SP), senador: “Da mesma forma que respeitei o resultado das prévias do PSDB, também respeito a decisão de João Doria de abrir mão da sua pré-candidatura à presidência da República. Agora, o importante é que entremos em consenso em torno de uma candidatura única capaz de vencer os dois extremos”.