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Por Redação O Sul | 26 de maio de 2022
Um simples teste de saliva poderia ser usado para identificar mulheres jovens com risco aumentado de câncer de mama, anos antes do aparecimento da doença. Isso poderia, inclusive, ajudar a prevenir a doença nessas pacientes. A conclusão é de um estudo feito pela Universidade de Manchester, no Reino Unido, publicado recentemente na revista Genetics in Medicine.
O estudo acompanhou cerca de 2.500 mulheres por quase 10 anos. Destas, 644 desenvolveram câncer de mama. O teste previu com precisão um risco maior de câncer de mama em quase 50% das mulheres que desenvolveram a doença.
Atualmente, as mulheres com menos de 50 anos só podem fazer um teste genético no NHS se um membro da família tiver um gene defeituoso ligado ao câncer de mama ou se tiver um forte histórico familiar da doença em mulheres mais jovens. No entanto, segundo os autores do estudo, as mutações BRCA são tão incomuns que é importante observar também centenas de outras variações genéticas.
O novo estudo é o primeiro a analisar um teste de saliva que procura mais de 300 diferenças genéticas, além da densidade mamária e fatores de risco, como peso e histórico familiar, medidas já utilizadas para rastreamento da doença no NHS. Quatro em cada dez mulheres apresentaram o maior risco, um risco moderado ou alto ou o menor risco de câncer de mama. Estas são descritas como categorias ‘acionáveis’. Segundo os pesquisadores, algumas dessas mulheres poderiam iniciar medicamentos que provavelmente reduziriam seu risco.
“Se todas essas mulheres tomassem medicamentos para prevenir o câncer de mama, isso poderia prevenir um quarto dos casos de câncer de mama e potencialmente salvar a vida de 2.000 mulheres por ano. Se as mulheres jovens de alto risco recebessem mamografias anuais, isso poderia economizar centenas a mais por ano”, disse Gareth Evans, professor da Universidade de Manchester, que liderou o estudo, ao Daily Mail.
Os resultados mostraram também que cerca de uma em cada 50 mulheres com câncer de mama apresentava mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2, o que aumentava o risco da doença. Das nove mulheres com câncer de mama e uma mutação BRCA no estudo, apenas três teriam sido capazes de descobrir isso através das regras atuais.
O estudo mostrou ainda que as mulheres com “risco moderado ou alto” de câncer de mama representavam 48% das que desenvolveram tumores categorizado em estágio dois ou superior.
Por outro lado, uma em cada cinco mulheres foi considerada de baixo risco para a doença, o que significa que elas tinham menos de 2% de chance de desenvolvê-lo na próxima década. Isso significa que não apenas as mulheres de alto risco precisam de mais exames, mas quase uma em cada cinco mulheres de baixo risco pode precisar de mamografias menos frequentes.
Diante disso, os pesquisadores pedem que o teste genético único seja implementado em mulheres por volta dos 30 anos, bem antes de se tornarem elegíveis para mamografias aos 50 anos. O novo teste deve custar 250 libras (cerca de 1512 reais) ao NHS. Enquanto o tratamento do câncer de mama pode custar dezenas de milhares de libras.