Terça-feira, 18 de março de 2025
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2022
Entre os 10 municípios brasileiros que mais emitem gases do efeito estufa, os causadores do aquecimento global, oito estão na Amazônia – cinco deles no estado do Pará. Os dados são referentes ao ano de 2019, estimativa mais recente disponível para o País, e foram divulgados nesta segunda-feira (13) pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
Altamira (PA), São Félix do Xingu (PA) e Porto Velho (RO) lideram entre os 5.570 municípios brasileiros. Todas as oito cidades da Amazônia estão no topo da lista pelo mesmo motivo: desmatamento. A região Norte representa 60% de todo o carbono liberado no país.
Municípios e emissões de gases do efeito estufa (dados em milhões de toneladas de CO2e):
– Altamira – 35,2;
– São Félix do Xingu – 28, 9;
– Porto Velho – 23,3;
– Lábrea – 23,2;
– São Paulo – 16,6;
– Pacajá – 16,2;
– Novo Progresso – 14,9;
– Rio de Janeiro – 13,8;
– Colniza – 13,5;
– Apuí – 12,5;
– Novo Repartimento – 11,9.
Entre as 35,2 milhões toneladas de CO2e (unidade de medida que reúne todos gases, do carbônico ao metano) emitidas por Altamira, 33,4 milhões estavam relacionadas com o desmatamento. A cidade paraense tem população estimada em 117 mil habitantes, ou seja, é quase 100 vezes menos populosa do que a cidade de São Paulo, mas contabiliza o dobro das emissões.
Se Altamira fosse um país, estaria no 108º lugar no mundo em emissões de gases de efeito estufa, atrás da Suécia e da Noruega. Em 2019, ano da estimativa do SEEG, Altamira foi a líder em desmatamento da Amazônia, com 575 km² de floresta perdidos, e também vice-líder em queimadas, com 3,8 mil focos de calor detectados, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A estimativa por município feita pelo SEEG, projeto do Observatório do Clima, organização com mais de 70 representantes da sociedade civil, é gerada segundo as diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) com base nos Inventários Brasileiros de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).
Desmatamento
Mas como o desmatamento libera carbono? Quando qualquer árvore morre, seja por decomposição ou por queima, ela emite carbono. Para os dados do SEEG, a unidade de medida é a tonelada de CO2, mas a floresta derrubada também emite outros gases: o metano (CH4), que equivale a 25 toneladas de CO2; e o óxido nitroso (N2O), que equivale a 270 toneladas.
“Se a floresta tem 200 toneladas de carbono vivas, e essas 200 toneladas vão oxidando depois do desmate, o carbono vira CO2 e, se está em condições anaeróbicas (sem oxigênio), pode até virar metano”, explica Tasso Azevedo, coordenador do SEEG.
É por isso que os municípios da Amazônia apresentam dados altíssimos de emissões por habitante — eles têm poucos moradores, mas muito desmate. Novo Progresso, que registrou o Dia do Fogo em 2019, uma ação coordenada por fazendeiros, empresários e produtores rurais para queimar áreas protegidas próximas à BR-163, tem o maior índice per capita do país: são 580 toneladas de CO2 por ano. A média global anual é de 7 toneladas de CO2e por habitante.
Ou seja: em Novo Progresso, se o dado representasse de fato as emissões das pessoas, e não o desmatamento da região, seria como se cada cidadão estivesse dirigindo, todos os dias, mais de 500 carros por um trajeto 20 km. As informações são do portal de notícias G1.