Segunda-feira, 17 de março de 2025
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2022
A PF (Polícia Federal) e associação indígena que denunciou o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips negaram, nesta segunda-feira (13), que os corpos dos dois tenham sido encontrados. A dupla está desaparecida há mais de uma semana na região do Vale do Javari, no Amazonas.
Após circularem notícias na imprensa nesta segunda de que dois corpos teriam sido encontrados na área de busca, a PF, que coordena as forças de segurança na operação, negou a informação.
“O Comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal/AM, informa que, não procedem as informações que estão sendo divulgadas a respeito de terem sido encontrados os corpos do Sr. Bruno Pereira e do Sr. Dom Phillips”, informou a Polícia Federal em nota.
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) também negou. “Não confirmamos a informação de terem encontrado corpos”, disse Eliésio Marubo, assessor jurídico da Univaja.
Segundo Paul Sherwood, cunhado de Dom Phillips, a informação de que os corpos haviam sido encontrados foi repassada nesta segunda-feira à família por um representante da embaixada brasileira no Reino Unido.
“Ele [o representante da embaixada brasileira no Reino Unido] não descreveu a localização e disse que foi na floresta e que estavam amarrados a uma árvore e ainda não haviam sido identificados, disse Paul Sherwood, cunhado de Phillips, ao The Guardian.
Segundo o portal de notícias G1, a embaixada brasileira no Reino Unido disse que “tem mantido contatos com a família de Dom Phillips, a pedido desta”. A embaixada diz ainda que “não se pronunciará sobre o conteúdo desses contatos” e que “informações atualizadas sobre o caso devem ser solicitadas às autoridades responsáveis, no Brasil”.
Mulher do jornalista britânico Dom Phillips, Alessandra Sampaio disse que recebeu a informação de que os corpos foram encontrados por meio do seu cunhado, que recebeu a informação da embaixada brasileira em Londres. Ela também recebeu uma ligação da PF negando que dois corpos foram localizados.
Desaparecidos
Bruno e Dom foram vistos pela última vez em 5 de junho ao chegarem a uma localidade chamada comunidade São Rafael. De lá, eles partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino.
No domingo (12), as equipes de busca encontraram um cartão de saúde e outros pertences de Bruno, além de uma mochila com roupas pessoais de Dom na área onde são feitas as buscas pelo jornalista inglês e pelo indigenista no interior do Amazonas.
Segundo as autoridades, o material estava próximo da casa de Amarildo Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, o único preso suspeito de envolvimento no desaparecimento até aqui. Oliveira nega envolvimento no crime e familiares afirmam que ele foi torturado pela polícia.
Bruno Pereira e Dom Phillips
Além de indigenista, pessoa que reconhecidamente apoia a causa indígena, Bruno Pereira é servidor federal licenciado da Funai. Ele também dava suporte a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari,(Univaja) em projetos e ações pontuais.
Segundo a nota da Univaja, Bruno era “experiente e profundo conhecedor da região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos”.
Dom morava em Salvador e fazia reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para veículos como “Washington Post”, “New York Times” e “Financial Times”, além do “The Guardian”. Ele também estava trabalhando em um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson.
Dom e Bruno faziam expedições juntos na região desde 2018, de acordo com o “The Guardian”.
Pertences
No domingo (12), bombeiros envolvidos na operação encontraram uma série de pertences dos dois desaparecidos. Segundo a PF, os itens encontrados foram: um cartão de saúde, uma calça preta, um chinelo preto e um par de botas pertencentes a Bruno e um par de botas de Dom.
Na sexta-feira (10), a PF no Amazonas, que está à frente das forças de segurança na Operação Javari, informou que equipes de busca encontraram material orgânico, “aparentemente humano”, em uma área próxima ao porto de Atalaia do Norte. Ainda não há informação se a amostra recolhida tem alguma relação com o desaparecimento de Dom Phillips e de Bruno Pereira.
O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal está fazendo análise pericial do material recolhido, como também fará a perícia em vestígios de sangue encontrados na embarcação de Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, conhecido como “Pelado”, suspeito de envolvimento no caso e que está preso desde a semana passada. A expectativa é que os resultados laboratoriais saiam ainda esta semana, informou a PF. As informações são do portal de notícias G1 e da Agência Brasil.