Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2022
Na série histórica, o maior percentual foi registrado em todo o índice se deu em maio de 2021, quando houve um crescimento de 50,8%.
Foto: ReproduçãoA procura por crédito entre os brasileiros cresceu mais de 11% em maio deste ano, em comparação com o mesmo mês em 2021. Os números são do Indicador de Demanda do Consumidor por Crédito, medido pela Serasa Experian. De acordo com o levantamento, a maioria dos empréstimos foi solicitada por pessoas que recebem salários entre R$ 5 e R$ 10 mil por mês. O avanço nesta faixa de renda foi de 13%, maior que a média nacional.
Na série histórica, o maior percentual foi registrado em todo o índice se deu em maio de 2021, quando houve um crescimento de 50,8%. O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, ressalta, no entanto, que o percentual pode não ser uma representação irreal do histórico do levantamento.
“No mesmo mês, em 2020, houve uma queda de 20,7%, devido ao período de lockdown. Isso invalida essa grande expansão de 50%. É importante considerar que, com o tombo do ano passado, o que seria um crescimento recorde significa apenas uma leve recuperação”, justifica.
Já na análise por regiões, o Norte do País concentra a maior parcela de pedidos por crédito. Ao todo, os sete Estados nortistas são responsáveis por 17,8% das solicitações de empréstimo neste período.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, aponta que os níveis de desemprego podem ser uma das explicações. “O Norte tem a menor renda per capta do país. Além disso, com a inflação elevada, a população de baixa renda acaba sendo muito afetada”, relembra.
Na última divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), o nível de desemprego entre os estados do Norte, de 11,7%, foi o segundo mais alto do país. O percentual, além de ser mais elevado do que a média de todos os estados (11,1%), só ficou atrás do Nordeste (14,9%).
Rabi também chama a atenção para o emprego dessas linhas de crédito em demandas básicas de curto prazo para tentar manter um certo padrão de consumo. “Os consumidores, mesmo com a alta da taxa de juros, continuam atuando com o modelo de consumo por necessidade e utilizando o crédito para honrar compromissos financeiros”, explica. “Além de complementar o pagamento de itens e serviços prioritários que não puderam ser pagos com o orçamento mensal habitual”, acrescenta.
Para o professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (EESP/FGV), Alberto Ajzental, esse cenário é um alerta de que a situação financeira da população que vai atrás do recurso não vai bem.
“Se as pessoas não estão conseguindo fechar os orçamentos mensais e estão recorrendo a empréstimos para isso, então é um crédito péssimo. Quando o cidadão pede empréstimo, há um alívio no primeiro momento. No entanto, no mês seguinte, será preciso pagar a prestação do que se pediu emprestado mais os juros”, pondera.
Diante desse cenário, o especialista ressalta que as chances de um maior endividamento são altas. “Então, se a matemática já não fechava antes, não vai fechar depois, porque piora a situação. As pessoas estão recorrendo a dinheiro externo para conseguir pagar as contas. Vai virar a famosa bola de neve. O que deve ser feito é adequar as despesas às receitas”, enfatiza.