Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de julho de 2022
A desvalorização do peso argentino transformou o país vizinho em uma atração vantajosa para os turistas. Mas o ganho de poder de compra do real não é um caso isolado, já que a combinação de fatores econômicos externos e crises políticas domésticas têm pressionado a desvalorização de outras moedas latino-americanas frente não apenas ao dólar, mas também ao real – o que ajuda a vida de quem está planejando viajar para determinados destinos da América Latina.
Segundo dados do site Decolar, cidades como Buenos Aires e Bariloche (Argentina), Santiago (Chile), Montevidéu (Uruguai) e Lima (Peru) foram os destinos internacionais mais procurados pelos brasileiros na América Latina desde o início do ano. A escolha dessas regiões coincide com a lista de países cujas moedas se desvalorizaram mais perante o dólar do que o real nos últimos tempos.
Para especialistas, no último ano, o real teve o melhor desempenho ante o dólar do que os pesos mexicano, chileno e colombiano, por exemplo. Segundo o economista da XP Francisco Nobre, além de fatores domésticos, a alta nos preços das commodities vem pressionando as moedas de países latino-americanos por causa da dependência dos países aos produtos que são negociados em dólar.
No entanto, como o câmbio das moedas da região varia muito, como fazer as contas para saber se está valendo a pena ir para determinado país? Segundo o educador financeiro do banco C6, Liao Yu Chieh, a resposta é simples: é necessário pesquisar os preços de restaurantes, de atrações turísticas e de itens de alimentação nos supermercados. Tudo isso ajuda a entender não só a conversão, mas quanto o real é capaz de comprar em cada destino.
“O melhor jeito de aproveitar o momento de desvalorização das moedas é estudando o custo de vida do país montar um roteiro”, diz Chieh. O educador financeiro pontua que estar atento à variação do real ante ao dólar é primordial na preparação de viagens. “Sempre que o real fica mais forte, ou seja, se valoriza ante ao dólar, o poder de compra do turista brasileiro aumenta.”
Índice Big Mac
Um indexador econômico que pode facilitar nessa tarefa é o “índice Big Mac”, criado pela revista americana The Economist em 1986. O guia analisa o preço do sanduíche da rede de fast-food em diferentes países em relação ao dólar americano, como forma de comparar o poder de compra entre diferentes nações. “Esse índice tem limitações, mas é um jeito fácil e divertido de comparar o custo de vida em países diferentes”, afirma o economista da XP.
De acordo com o levantamento da revista, em dezembro de 2021, o preço médio de Big Mac no Brasil era de R$ 22,90. Na cotação da época, o valor do lanche nos Estados Unidos custaria R$ 30,85 para um brasileiro, o que significaria uma redução no poder de compra de 25,77%. Se analisado na variação do câmbio em julho deste ano, essa defasagem do real aumenta para 27,95%, com o sanduiche custando R$ 31,78.
Quando o índice é levado em conta, o real tem poder de compra superior ao praticado em 9 desses destinos. Na cotação atual, a moeda brasileira tem a maior diferença em relação ao peso colombiano. Hoje, 1 peso colombiano equivale a R$ 0,0012.
No caso da Argentina, principal destino de viagem internacionais dos brasileiros, o peso se desvalorizou 22% ante ao real e 23% ao dólar americano em 12 meses. Conforme o indexador, em dezembro de 2021, o sanduíche custava aproximadamente R$ 22,75 em solo argentino. Seis meses depois, o preço caiu para R$ 18,85, ficando mais barato para os brasileiros (veja a comparação entre diferentes países no gráfico abaixo).
Dos países da América do Latina analisados pela The Economist, o real só tem poder de compra inferior ao Uruguai. Hoje, o sanduíche tradicional do McDonald’s sairia a R$ 30,82 no país, ou 25,7% a mais do que por aqui.
Outra dica do educador financeiro do C6 para os turistas é comprar dólares, em vez de pesos (de qualquer país). “Chegando ao destino você converte para o dinheiro local. Além disso, vários países aceitam pagamentos feitos com moeda americana”, afirma. Desta forma, o turista se protege do risco de ficar com “moeda fraca” nas mãos.