Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2022
Para especialistas, isso levou a uma mudança de comportamento entre os brasileiros que compram moeda estrangeira em espécie.
Foto: PixabayA aproximação da cotação do dólar e do euro, que chegou à paridade entre as duas moedas pela primeira vez em 20 anos em julho deste ano, levou a uma mudança de comportamento entre os brasileiros que compram moeda estrangeira em espécie.
Pelo segundo mês consecutivo, a venda de euro em espécie superou a do dólar no Itaú Unibanco, com a moeda europeia representando 55% do total comprado pelos clientes pessoa física do banco durante julho.
“Na série histórica, o dólar representa em média 65% do total de moeda estrangeira em espécie vendida pelo Itaú aos seus clientes. Começamos a ver esse movimento de aproximação do euro em maio deste ano, quando ambas as moedas tiveram quase que o mesmo montante vendido no mês”,explica Gabriel Rombenso, superintendente de câmbio do Itaú Unibanco.
“Em junho, o euro já passou a ser mais procurado, movimento que se ampliou no último mês e que já observamos como tendência neste mês – na primeira semana de agosto, o euro segue superando o dólar nas vendas para clientes.”
Euro ou dólar?
Parece que a palavra-chave entre especialistas é “diversificação”. “É muito importante para o investidor ter um porcentual da carteira alocada em moeda forte, ou seja, em dólar. Com relação ao euro, na maior parte de 2021 a moeda oscilou no intervalo entre R$ 5,30 e R$ 6. Então, este pode ser um momento bom para aproveitar”, diz Renan Mazzo, head de câmbio da SVN Investimentos.
A expectativa por uma possível escassez de gás na Europa e o aumento de juros pelos Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) foram dois dos grandes motores da paridade. Mas para André Rolha, diretor de produtos da Venice Investimentos, o principal motivo que levou ao fato histórico foi a demora para a zona do euro enfrentar a inflação elevada do momento atual.
“As duas economias demoraram para reconhecer que não era uma inflação momentânea. Os EUA começaram a fazer a lição de casa de forma antecipada e a Europa, de forma tardia. Esse receio em elevar a taxa de juros, trazendo uma retração econômica de forma prejudicial para toda economia, provocou a depreciação na moeda [europeia]”, afirmou Rolha.
O fato do dólar ser reconhecido no mercado como um ativo de maior segurança faz com que a moeda norte-americana ganhe a preferência em tempos de volatilidade, disse o diretor.
O cenário global está muito nebuloso para especular com moedas, uma tarefa difícil por natureza, de acordo com Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio. Ele sugere que ambas as moedas sejam utilizadas como reserva de valor. “Todo investidor precisa ter uma parte do seu patrimônio em outras moedas. Apesar da grande desvalorização recente do euro, o dólar é a moeda mais segura do mundo, o refúgio de investidores em momentos de tensão global”, diz Steiman.