Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de agosto de 2022
O vice-presidente paraguaio, Hugo Velázquez disse nesta sexta-feira (12) que renunciará e retirará sua candidatura à presidência, depois de ser colocado na lista negra dos Estados Unidos por supostos atos “significativos” de corrupção.
Velázquez negou a acusação, mas disse que, para proteger seu partido, apresentaria sua renúncia na próxima semana.
“Falo com a calma que meu comportamento me dá, porque não fiz o que estão me acusando”, disse ele à rádio local Monumental. “Estou falando com a consciência limpa.”
O Departamento de Estado dos EUA acusou Velázquez de envolvimento em atos significativos de corrupção.
Um comunicado do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que o associado de Valázquez, Juan Carlos Duarte, ofereceu suborno a um funcionário público paraguaio para “obstruir uma investigação que ameaçava o vice-presidente e seus interesses financeiros”.
O suborno oferecido foi superior a US$ 1 milhão, disse o embaixador dos EUA no Paraguai, Marc Ostfield, em comunicado.
O presidente paraguaio Mario Abdo disse aos jornalistas: “Dadas as circunstâncias, continuar a candidatura do vice-presidente era inaceitável… Digo-o com dor porque é um amigo, um colega”.
O associado de Valázquez, Duarte, disse que também renunciou e vai cooperar com as autoridades, mas não comentou diretamente as acusações.
“Surpreende-me. Vou colocar-me à disposição deles (e) pedir as informações relevantes”, disse, acrescentando que renunciou porque “é um cargo público e tenho que honrar as instituições”.
Os familiares imediatos de Velázquez e Duarte também foram incluídos na lista na declaração de Blinken.
Em julho, o Departamento de Estado acusou o ex-presidente paraguaio Horacio Cartes de “corrupção significativa” e de obstruir uma investigação criminal transfronteiriça. Ele negou as acusações na época como “infundadas e injustas”.
Yacyretá
O caso pelo qual Washington sanciona Velázquez está relacionado à usina hidrelétrica de Yacyretá, obra binacional no rio Paraná, na fronteira do Paraguai com a Argentina.
Duarte “ofereceu propina a um funcionário público paraguaio para obstruir uma investigação que ameaçava o vice-presidente e seus interesses financeiros”, explicou Washington.
Segundo a Casa Branca, Duarte “abusou e explorou de sua posição pública poderosa e privilegiada dentro da Entidade Binacional Yacyretá, colocando em risco a confiança pública em um dos ativos econômicos mais vitais do Paraguai”.
Blinken estima que esses atos corruptos contribuem para a perda de confiança no governo e afetam “a percepção pública de corrupção e impunidade” no gabinete do vice-presidente.
Embora não tenha sido mencionado pelo Departamento de Estado, a imprensa paraguaia relembrou uma foto de 2016 em que Velázquez e Duarte, durante uma visita ao Líbano, apareceram em um iate com Walid Amine Sweid, acusado pelos Estados Unidos de financiar o Partido Hezbollah, classificado como grupo terrorista por Washington.
“Eles me acusam de aliança com o Hezbollah quando não tenho absolutamente nada a ver com eles, exceto naquela viagem oficial quando oito deputados foram (ao Líbano). De lá para cá, parece que eu tenho ligações com o Hezbollah. Nunca! Eu condeno o terrorismo em todas as suas formas”, defendeu-se Velázquez.