Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2022
Depois de 50 anos, a Nasa volta à Lua na missão Artemis 1. A previsão de decolagem é no dia 29 de agosto e deve durar seis semanas. Essa deve ser só a primeira de uma série de viagens ao principal satélite da Terra, segundo informações da agência espacial dos EUA.
A missão começa com um teste de voo sem tripulação, mas quer evoluir para tarefas mais complexas nos próximos anos, que vão desde a tecnologia até marcos importantes para a história do Homem no espaço – como foi na década de 1960, com a missão Apollo.
Artemis deve pousar a primeira mulher e a primeira pessoa negra na Lua. Isso, disse a Nasa, abrirá caminho para uma “presença lunar de longo prazo” e servirá como “trampolim para enviar astronautas a Marte”.
O que esperar da missão Artemis
Objetivo: ir à Lua (e além): o programa Artemis quer construir uma estação espacial na Lua e um alojamento para astronautas no espaço. Isso tudo é parte de um esforço da Nasa de priorizar viagens espaciais humanas.
Mas, pensando ainda mais a longo prazo, o objetivo da agência espacial norte-americana é alcançar Marte. O plano integra o programa “Moon to Mars” (da Lua até Marte, na tradução literal), que quer enviar astronautas ao planeta até 2040.
“O que estamos na superfície lunar é para explorar a ciência, e não apenas para deixar bandeiras e pegadas, como muitos se referem à missão Apollo”, disse a vice-chefe da Nasa, Cathy Koerner, em briefing à imprensa. “Também queremos testar os sistemas que eventualmente precisaremos para reduzir os riscos de uma missão humana a Marte”, completou.
Tecnologia: a missão Artemis 1 começa com o lançamento do foguete Space Launch System – uma estrutura com o tamanho de inacreditáveis 32 andares. Dentro dele está a cápsula espacial Orion, que vai sobrevoar quase mil quilômetros da superfície lunar e implantar pequenas espaçonaves para pesquisas dentro e fora da Lua – uma espécie de estação espacial lunar.
O primeiro voo não será tripulado, mas os astronautas devem embarcar na Orion nos próximos anos. A cápsula foi construída para transportar humanos mais longe que qualquer espaçonave que já voou antes.
O primeiro voo, no final de agosto, contará com três manequins a bordo, construídos com materiais que simulam ossos, tecidos moles e órgãos de humanos adultos. Eles terão sensores para detectar radiação espacial, já que há hipótese de que a exposição prolongada pode prejudicar a saúde dos astronautas.
Além disso, a missão vai implantar dez espaçonaves CubeSats, do tamanho de uma caixa de sapatos, para mapear a superfície lunar, estudar bolsões de gelo e testar um escudo de radiação espacial. Essas naves também devem viajar para pontos mais distantes, como um asteroide próximo da Terra.
Cronograma: a previsão de lançamento é 29 de agosto, com previsão de retorno para outubro. Vai ser assim: o foguete decola do Centro Espacial Kennedy da Nasa, na Flórida; vai até a Lua e sobrevoa o satélite. Se tudo ocorrer como planejado, a cápsula Orion pousará na costa de San Diego e a missão Artemis 2 segue em frente.
A primeira missão tripulada está prevista para 2024, quando astronautas farão um sobrevoo lunar. Em 2025 ou 2026 – dependendo do andamento – vem a Artemis 3, que fará o primeiro pouso lunar desde 1972. Neste voo estará a primeira mulher a pousar na Lua.
Se as primeiras missões derem certo, as viagens subsequentes terão astronautas em passeios prolongados pela superfície da Lua – provavelmente por semanas.
Em 2027, os astronautas a bordo do Artemis 4 entregarão o módulo I-HAB – um alojamento para as tripulações que vão explorar a Lua desde a estação lunar Gateway, ainda em construção.
Investimento: em andamento desde 2017, o programa Artemis já custou US$ 40 bilhões.
Além da Nasa, quem está ajudando: a missão Artemis não pertence só à agência norte-americana. A Agência Espacial Europeia, da UE (União Europeia), forneceu o módulo de serviço da cápsula Órion no Artemis 1 e colabora para construir o I-HAB da Gateway.
O Japão está desenvolvendo uma espaçonave de suprimento de carga para a estação lunar e estuda a criação de um rover pressurizado – local para os astronautas tirarem seus volumosos trajes espaciais.
O Canadá também projeta um braço robótico para a estação Gateway. Além disso, outros 21 países assinaram os Acordos de Artemis – uma tentativa de Washington estabelecer regras para uma futura exploração internacional da Lua. O Brasil também faz parte: assinou em junho de 2021.
Significado: muitas coisas mudaram desde a missão Apollo, mas o legado do 1º programa espacial a levar o Homem para a Lua persiste. A escolha do nome da nova missão é prova disso. Na mitologia grega, Ártemis é irmã gêmea de Apolo.
“Para todos nós que olhamos a Lua sonhando com o dia em que a humanidade retornaria à superfície lunar, estamos voltando”, disse o chefe da Nasa, Bill Nelson. “Essa jornada, nossa jornada, começa com Artemis 1”.