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Geral Hotel no Rio só emprega pessoas em tratamento psiquiátrico

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Instalada num sobrado dos anos 1930 em Botafogo, a Casa Tuxi tem 14 suítes, piscina, bar, day use, e as diárias variam entre R$ 250 e R$ 550. (Foto: Reprodução)

Fernanda Tuxi é fotógrafa, dona de hotel, bipolar e borderline. Com mais de uma dúzia de internações, ela viu a sua história mudar durante uma delas. Foi quando idealizou a Casa Tuxi uma hospedagem inclusiva, instalada no Rio de Janeiro, que só trabalha com pessoas em tratamento psiquiátrico e em situação de vulnerabilidade. A única exigência é que a medicação e a terapia estejam em dia. Atualmente, a equipe emprega oito pessoas nessas condições. Mas após sete anos, o lugar está sem fiador nem contrato e precisa arrecadar dinheiro para pagar o seguro fiança e continuar ativo.

“Aqui é uma resposta a tudo que já passei no mercado de trabalho como paciente psiquiátrica. As pessoas apontam a gente como sendo de alta periculosidade, pessoas doentes, mas o que é ser normal?”, questiona Fernanda. “Precisava encontrar uma forma de recomeçar e fiz daqui o meu projeto de vida.”

A maioria dos funcionários que já passaram por lá vem dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da prefeitura, que atende pessoas com sofrimento mental de moderado a grave, com foco na reintegração social, autonomia e geração de renda. Para o superintendente de Saúde Mental da Secretaria municipal de Saúde, Hugo Fagundes, projetos como o da Casa Tuxi são fundamentais.

“É uma iniciativa fantástica criada a partir da sensibilidade de quem viveu um momento difícil, tem o peso do estigma e, mesmo assim, se propôs a criar alternativas”, avalia Fagundes. “Eles conseguem dar um pouco de esperança para gente em meio à crueza dos nossos tempos, resgatando a autoestima dessas pessoas e fazendo com que elas andem de cabeça erguida. Espero que experiências como essa se multipliquem, com mais espaços de cidadania, respeito e qualidade de vida.”

A inserção do mercado de trabalho é um dos principais pilares do lugar. O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, ressalta que é importante entender que a doença mental é como qualquer outra.

“O mercado de trabalho é um ambiente difícil para os que têm doenças mentais porque ainda existe muito preconceito. O medo de ser rejeitado e discriminado faz com que o sujeito que tem ou teve uma doença mental não a revele”, explica o médico. “Quando o trabalhador apresenta uma condição cardiovascular, diabetes ou até mesmo um trauma ósseo, como ele é tratado pelo médico do trabalho? Por que isso muda quando se fala de depressão ou transtorno bipolar? O paciente em tratamento pode e deve continuar a trabalhar sem prejuízos.”

Ter um empregador que entenda perfeitamente essas adversidades é coisa rara no mercado. Fernanda sabe bem o que é isso.

“Recai um estigma sobre nós como pessoas incapazes, mau caráter e perigosas, o que nós não somos. Quando você sai de uma internação, tem vergonha de ressocializar. Tem medo de dizer no trabalho que tem o horário da terapia, que toma remédio”, conta Fernanda. “É exatamente por isso que a Casa Tuxi existe.”

Instalada num sobrado dos anos 1930 em Botafogo, a Casa Tuxi tem 14 suítes, piscina, bar, day use, e as diárias variam entre R$ 250 e R$ 550. Com o contrato de aluguel vencido, o novo desafio agora é arrecadar verba para o seguro fiança do imóvel. Para isso, Fernanda lançou uma vaquinha virtual, com recompensas que vão desde um drinque até uma festa com direito a 40 convidados. Ainda falta bastante para bater a meta e o tempo é curto, pouco mais de 20 dias, mas a causa já arrebatou contribuições ilustres.

“É importante pensarmos a inclusão como meta para nossa evolução enquanto sociedade. Todos querem fazer parte, se sentir pertencentes e precisamos ao máximo tornar isso uma realidade”, diz o humorista e apresentador Fábio Porchat, um dos incentivadores do lugar. “Gente precisa de gente!”.

Fernanda conta que viu, durante a pandemia, empreendimentos vizinhos fecharem as portas, mas o hotel continua de pé. “Não está fácil, mas não posso parar”, diz Fernanda. “Muitas pessoas falam que é lindo o que eu faço, mas não é caridade. Quero mostrar que somos parte de um grupo de pessoas excluídas lá fora injustamente. A vida é feita de altos e baixos, quando fica reto, a gente morre.” As informações são do jornal O Globo.

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https://www.osul.com.br/hotel-no-rio-so-emprega-pessoas-em-tratamento-psiquiatrico/ Hotel no Rio só emprega pessoas em tratamento psiquiátrico 2022-08-18
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