Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2022
Com a alta dos juros e as incertezas na economia neste ano eleitoral, várias empresas brasileiras estão recomprando suas próprias ações.
Foto: ReproduçãoA febre de IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), que movimentou a Bolsa brasileira nos últimos anos e bateu recorde em 2020, deu lugar para um movimento inverso agora. Com a alta dos juros e as incertezas na economia neste ano eleitoral, várias empresas brasileiras estão recomprando suas próprias ações, ou seja, tirando parte de seus papéis da listagem em Bolsa.
Só no primeiro semestre deste ano, foram abertos 33 programas de recompra de ações. No ano passado, foram 59. Estimativa da gestora Kínitro Capital mostra que, nos últimos 15 meses, cerca de R$ 10 bilhões em ações foram retirados da Bolsa nesses programas de recompra.
Analistas afirmam que as empresas aproveitam a queda da Bolsa para recomprar “na xepa” ações que ficaram baratas e, assim, sinalizar aos investidores que suas empresas são sólidas.
CVM
Isso sem contar os programas registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas não concretizados. Entre as grandes empresas com programas abertos estão Vale, Azul, Ambev e Vibra. O crescimento coincide com a trajetória de alta da taxa básica de juros (Selic), que saiu de 2% ao ano no início de 2021 e alcançou 13,75% no mês passado.
“Quando você tem juros nos patamares que se tem hoje e ações muito baratas, as empresas fazem recompra e investem menos, já que o retorno de outros projetos fica mais difícil”, analisa Carlos Eduardo Sequeira, chefe da área de Análise e Pesquisa do BTG Pactual para América Latina.
Recompra
Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos, concorda que, como o mercado de fusões e aquisições anda cauteloso e projetos estão mais arriscados, tornou-se interessante para uma empresa usar uma parte do caixa acumulado para recomprar ações, o que só ocorre quando avaliam que a cotação está abaixo do real valor da companhia: “Estamos num momento em que as companhias estão em compasso de espera, por causa da eleição em dois meses. Negócios desse tipo só serão fechados se houver oportunidade muito específica”.
E, também, que ao usar o caixa disponível para recomprar ações, em vez de investir em novos projetos, dão um sinal de que o setor produtivo está “em compasso de espera” diante das incertezas neste ano eleitoral.