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Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2022
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou uma versão bastante editada dos argumentos usados para pedir a operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente Donald Trump na Flórida, no início de agosto.
Eles mostram que a varredura foi motivada pela suspeita de que os documentos que o republicano levou ilegalmente consigo ao deixar a Casa Branca tivessem informações que comprometessem agentes secretos da Inteligência americana.
Os argumentos indicam que a investigação movida pelo Departamento de Justiça começou em 9 de fevereiro, motivada por documentos altamente sigilosos que já tinham sido recolhidos da casa do ex-presidente. Em janeiro, após meses de negociações, o ex-presidente havia entregado 15 caixas com materiais que, pela lei americana, devia ter encaminhado ao Arquivo Nacional quando deixou a Presidência.
Nas caixas iniciais, dizem os argumentos recém-divulgados, havia 184 documentos classificados, entre eles 25 considerados “ultrassecretos”, armazenados inadequadamente e misturados com outros arquivos. Muitos deles só poderiam ser vistos em instalações governamentais seguras, sob uma norma chamada de Programa de Acesso Especial para que nunca corressem o risco de serem vistos por governos estrangeiros — protegendo assim agentes secretos da Inteligência que coletam informações mundo afora.
“Uma análise preliminar das 15 caixas indicou que elas contêm jornais, revistas, notícias impressas, fotos, impressões miscelâneas, anotações, correspondências presidenciais, pessoais, registros pós-presidenciais e ‘muitos arquivos sigilosos’”, disseram os promotores ao solicitarem a busca do dia 8, pedido que o secretário de Justiça, Merrick Garland, disse ter sido realizado com sua autorização expressa.
O argumento diz ainda haver “causa provável para acreditar que serão encontradas evidências de obstrução de Justiça”, citando pela primeira vez “um número significativo de testemunhas civis” com conhecimento da rotina pós-presidencial de Trump.
Testemunhas
Quase metade das 38 páginas de argumentos foram editadas para proteger testemunhas de intimidação e retribuição, além da integridade da investigação em curso. Se a identidade das testemunhas vier à tona, escreveram os promotores, elas podem ficar sujeitas a “retaliação, intimidação ou assédio — e até ameaças à sua segurança física”, disseram os promotores em um documento separado para justificar seus pedidos de edição.
De acordo com informações do mandado de busca divulgado no dia 12, Trump é investigado por possíveis violações de três leis americanas. A primeira é a Lei de Espionagem, que torna ilegal reter sem autorização informação de segurança nacional que poderia prejudicar os EUA ou auxiliar um adversário estrangeiro. A segunda é um estatuto associado à remoção ilegal de materiais governamentais. Já a terceira é uma lei federal que torna crime destruir ou esconder um documento para obstruir uma investigação do governo.
Nos EUA, todos os documentos oficiais de um presidente, por mais triviais que sejam, são considerados propriedade pública. Quando o presidente deixa o cargo, esses papéis vão para o Arquivo Nacional e, mais tarde, são encaminhados para a biblioteca presidencial. É tradição nos EUA que cada ex-mandatário ganhe um prédio próprio.