Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2022
O clima entre o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes e Procurador-Geral da República, Augusto Aras, não está muito bom desde a operação da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas. Os dois se encontraram presencialmente no lançamento do novo livro do presidente do Supremo, Luiz Fux, em Brasília. O procurador-geral da República passou ao lado do ministro do STF como se desconhecidos fossem.
Com semblante fechado, ele passou ao lado do ministro Alexandre de Moraes, responsável por autorizar a operação, sem cumprimentá-lo. Na terça-feira (23), Aras reclamou que o ministro não o consultou previamente a respeito das buscas contra os empresários, mas o STF garante que sim.
Embora os alvos da operação sejam aliados de Bolsonaro, ministros do alto escalão do governo estiveram no evento de Fux, como Paulo Guedes (Economia), Fábio Faria (Comunicações), Marcelo Queiroga (Saúde), Adolfo Sachsida (Minas e Energia) e Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União). O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Márcio Nunes de Oliveira, também compareceu.
Nos bastidores do tribunal, a presença deles foi interpretada como uma sinalização de que, apesar dos constantes ataques de Bolsonaro ao STF, ainda há pontes possíveis para o diálogo institucional entre os dois Poderes. Segundo uma fonte da Corte, prova disso é o fato de Fux ter convidado ministros de Estado, mas não o presidente da República.
Os ministros André Mendonça, Nunes Marques, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli também participaram do evento em homenagem a Fux, assim como ministros já aposentados, como Marco Aurélio Mello e Sepúlveda Pertence. O lançamento do livro ocorreu no Museu do STF.
Operação
Autorizada pelo ministro do STF no âmbito do inquérito que apura atos antidemocráticos, a operação da Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra oito empresários que defendiam, em um grupo de WhatsApp, um golpe de Estado em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de outubro.
A PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de Afrânio Barreira Filho, dono do grupo Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; Luciano Hang, do grupo Havan; André Tissot, da Sierra Móveis; Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, da Mormaii; Meyer Nigri, da Tecnisa; e José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro.