Sexta-feira, 07 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de novembro de 2015
A necessidade do exame de próstata para todos os homens a partir de determinada idade está causando divergência entre médicos e autoridades no Rio Grande do Sul. Para o secretário de Saúde do Estado, João Gabardo dos Reis, os exames não devem ser aplicados por todos os homens. “Existem estudos que dizem que falsos positivos podem trazer prejuízos aos pacientes”, explica.
Por outro lado, para o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Walter Koff, o exame é fundamental pois este é o segundo tipo de câncer que mais mata homens no Brasil, atrás apenas do de pulmão. “O exame deve ser feito sempre, mas cabe ao urologista dizer se o tumor é importante ou não. Câncer, se tem gravidade, tem que ser tratado. Se não, tem que ser acompanhado”, explica.
Segundo o secretário, o exame costuma dar como resultados muitos falsos positivos, que geram investigações, biópsias e cirurgias que, além de desnecessárias, podem prejudicar o paciente. “Há casos de homens que terminam impotentes ou com incontinência urinária.” Koff concorda com o secretário quanto aos riscos. “Sim, há risco de sequelas leves, em cerca de 2% dos casos”, ressalta. “Qualquer câncer que não é importante e for tratado pode trazer prejuízos”, acrescenta.
João Gabardo afirma que este debate também acontece em outros países do mundo, e cita que o Reino Unido não faz mais estes exames, e que os Estados Unidos estão abandonando a prática. “O Canadá, por exemplo, nunca chegou a ter esta obrigatoriedade.”
Para o secretário, exames de próstata são indicados em apenas dois casos. Quando são identificados sintomas da doença, como a perda da força do jato urinário, ou dificuldades para urinar, ou mesmo levantar para urinar muitas vezes durante a noite ou sensação de que a bexiga está sempre cheia. “Isso, sempre, independente da idade”, observa o secretário, que aponta o histórico familiar como o outro caso em que os procedimentos de observação podem ser necessários.
A nova orientação já vem sendo divulgada por órgãos e entidades como o Instituto Nacional do Câncer, o Ministério da Saúde e a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). “A minha responsabilidade, como secretário, é repassar a informação. Não se trata de ser contra o Novembro Azul, pois esta é uma ótima oportunidade para que se discuta a prevenção e a saúde do homem”, destaca.
De acordo com o IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer), os homens com mais de 50 anos devem fazer os exames preventivos uma vez por ano. Porém, aqueles com casos pregressos de câncer de próstata na família (pai e irmãos) ou de câncer de mama (mãe e irmãs) devem procurar o urologista antes dessa idade.