Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de setembro de 2022
Dois em cada cinco americanos acreditam que uma guerra civil nos Estados Unidos é pelo menos um pouco provável na próxima década. Considerando a orientação política dos entrevistados, a ideia é ainda mais forte entre republicanos do que entre democratas.
O dado é de uma pesquisa realizada pela empresa de sondagens YouGov e a revista The Economist, que indagou cidadãos sobre mudanças no clima político do país e o que eles esperam no futuro.
Questionados sobre a probabilidade de haver uma guerra civil em território americano nos próximos dez anos, os participantes podiam responder entre muito provável, um pouco provável, não muito provável e nada provável.
Enquanto 43% responderam que uma nova guerra civil é muito ou um pouco provável na próxima década, 35% acham não muito ou nada provável. Outros 22% não têm certeza.
Entre aqueles que se identificam como republicanos ferrenhos, a porcentagem dos que acreditam em uma guerra civil sobe para 54% – sendo um em cada cinco dizendo ser muito provável. Outros 30% consideram não muito ou nada provável, e 16% não têm certeza.
Já entre os democratas ferrenhos, 40% responderam ser pouco ou muito provável, 39%, não muito ou nada provável, e 21% estão incertos.
Divisão e violência
A ideia está ligada à forma que os americanos enxergam o cenário político nos EUA hoje, com a maioria dizendo acreditar que a polarização e a violência política estão afloradas e só devem piorar.
Dois terços dos entrevistados (66%) acreditam que as divisões políticas aumentaram desde o início de 2021, em comparação com apenas 8% que dizem que o país ficou menos dividido.
A perspectiva não é boa para o futuro próximo. Segundo a pesquisa, 63% acreditam que essas divisões vão aumentar nos próximos anos, enquanto 7% acham que vão diminuir.
Os apoiadores do Partido Republicano são mais propensos a considerar a sociedade dividida. Entre eles, 79% acham que a divisão política aumentou desde o ano passado, e 72% preveem que ela vá aumentar nos próximos anos. Já entre os democratas, essas porcentagens são de 59% e 58%, respectivamente.
As respostas dos entrevistados foram semelhantes quando questionados sobre violência política. Ao todo, 65% responderam que a violência política aumentou desde o início de 2021, e apenas 8% acreditam que ela diminuiu.
Além disso, 62% pensam que a violência política vai aumentar nos EUA nos próximos anos, diante de apenas 9% que acreditam que ela vai diminuir.
Trumpistas
Em 6 de janeiro de 2021, o país testemunhou um episódio que se tornou símbolo das hostilidades políticas. Centenas de apoiadores do então presidente Donald Trump invadiram o Capitólio, sede do Congresso americano em Washington D.C., durante uma sessão para confirmar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020. Alegando fraude no pleito, o republicano Trump havia instigado a multidão a marchar até o prédio.
Nove mortes, incluindo suicídios de policiais, foram relacionadas ao ataque. Desde então, os temores de violência política aumentaram nos Estados Unidos.
A nova pesquisa vem na esteira de uma retórica ainda acalorada entre os apoiadores de Trump, que agora é alvo de investigações por ter retido documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca. Os materiais foram recuperados pelo FBI na residência do ex-presidente neste mês.
No último domingo (28), o senador republicano Lindsey Graham previu “motins nas ruas” se Trump for indiciado formalmente pelo caso. A fala gerou repúdio generalizado.
Mary McCord, ex-vice-procuradora-geral, afirmou à emissora CNN que é “incrivelmente irresponsável uma autoridade eleita basicamente fazer ameaças veladas de violência, apenas porque a polícia e o Departamento de Justiça fazem seu trabalho”.
Segundo McCord, dizer que “as pessoas estão com raiva e podem se tornar violentas” mostra “o que Trump sabe e o que Lindsey Graham também sabe: que as pessoas ouvem isso e as pessoas realmente se mobilizam e fazem coisas”. Para ela, “6 de janeiro foi resultado desse mesmo tipo de tática do presidente Trump e de seus aliados”.