Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de setembro de 2022
O Chile decide neste domingo (4) o futuro da nova Constituição, escrita para substituir a Carta elaborada na ditadura de Augusto Pinochet. Pesquisas indicam que a maioria deve rejeitar o texto, o que pode complicar o governo do presidente Gabriel Boric, cujas propostas mais importantes dependem de um novo marco.
O “não” à nova Constituição, segundo pesquisas, tem 10 pontos porcentuais de vantagem sobre o “sim”. Se os chilenos reprovarem o texto, Boric terá um caminho difícil pela frente. Já afetado pela inflação e pela baixa popularidade, ele estará à frente de um país sem plano B. Diante da encruzilhada, o Chile pode optar por escrever um novo texto, fazer outro referendo ou reescrever a Constituição pinochetista.
O caminho percorrido até aqui começou em 2019, quando protestos foram reprimidos com violência pela polícia – 34 pessoas morreram, mais de 8 mil foram presas e a popularidade do então presidente, o conservador Sebastián Piñera, entrou em parafuso. Para acalmar os ânimos, governo e partidos concordaram em convocar uma Assembleia Constituinte, que escreveria uma nova Carta. A promulgação, porém, passaria pelo crivo da população.
Para reverter uma possível derrota, partidários do “sim” correm agora contra o tempo para conquistar o voto de jovens, mulheres e da parcela mais pobre da população. O voto obrigatório, que voltou após dez anos, pode ter impacto no resultado.
Entre os pontos que causam maior desconfiança estão a plurinacionalidade e a dissolução do Senado. “Parte da população não gosta da ideia de plurinacionalidade, que ameaçaria o ideal de nação construído desde a independência”, disse Talita Tanscheit, pesquisadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Diego Portales. “E outra parte acha que é preciso reconhecer os povos que estavam aqui antes da gente.”