Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2022
Colômbia e Venezuela vão dar nesta segunda (26), um passo importante na retomada de relações diplomáticas ao reabrirem suas fronteiras. Os países, que compartilham uma aérea fronteiriça de 2.219 quilômetros, romperam relações em 2019.
O diálogo entre os dois países foi retomando em agosto. O embaixador da Colômbia, Armando Benedetti, apresentou-se formalmente ao ministro das Relações Exteriores venezuelano, Carlos Farías. Depois, encontrou-se com o líder venezuelano, Nicolás Maduro.
A reabertura, por enquanto, será parcial. A ideia é retomar tanto o trânsito de pessoas quanto o comércio bilateral.
Os pontos que voltarão a operar são a ponte Simon Bolívar, que liga San Antonio del Táchira (Venezuela) e Cúcuta (Colômbia), e a ponte Francisco de Paula Santander, de Ureña (Venezuela) a Cúcuta.
A prioridade por ora é o comércio bilateral e o trânsito de habitantes da fronteira, que compõem 30% das travessias diárias entre os dois países em tempos de paz.
Refazer os laços com Caracas foi uma das controversas prioridades da campanha de Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia, que estará na cidade fronteiriça de Cúcuta para reabrir a ponte Simón Bolívar, uma das mais movimentadas da América do Sul.
A Venezuela ainda não confirmou se Maduro estará lá, mas o regime será representado por diversos integrantes da Assembleia Nacional, entre os quais seu líder, o chavista Jorge Rodríguez.
Entenda
Maduro rompeu com a Colômbia em fevereiro de 2019 por causa de divergências com o então presidente Iván Duque. O colombiano foi um dos primeiros líderes mundiais a reconhecer o governo de Juan Guaidó. O líder da oposição venezuelana se autoproclamou presidente interino da Venezuela em janeiro de 2019, na tentativa de destituir Maduro.
O objetivo de retomar as relações com o país vizinho foi tornado público pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, mesmo antes de ele assumir o cargo.
Ao anunciar, em 9 de setembro, a reabertura das fronteiras, Petro falou em restabelecer “relações fraternas”.
No mesmo dia, Maduro escreveu no Twitter que estava “muito feliz” com a reabertura e anunciou a retomada de voos entre os países. “O intercâmbio e a cooperação entre nossos povos recomeçam com o pé direito”, publicou Maduro.
O que falta
A retomada da fluida relação política depende ainda de alguns pontos. A Venezuela pede que Petro repatrie exilados políticos venezuelanos que vivem no país vizinho, como líderes da oposição, jornalistas e acadêmicos contrários ao regime. O presidente colombiano já afirmou que isso não acontecerá, porque violaria a liberdade de expressão e o direito ao asilo garantidos pela Constituição.
Por outro lado, Bogotá precisa de Caracas para o plano da “paz total” –proposta de Petro de negociar saídas para os conflitos do país com guerrilhas, paramilitares e outros grupos criminosos.
A ideia é iniciar com o ELN (Exército de Libertação Nacional), última guerrilha em atividade no país, e dissidentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que se desmobilizaram oficialmente em 2016.
O papel da Venezuela no acordo com as Farc foi essencial, assim como seria no caso de uma negociação com o ELN, pois muitos de seus integrantes constituíram acampamentos do outro lado da fronteira venezuelana.