Segunda-feira, 10 de março de 2025
Por Redação O Sul | 1 de outubro de 2022
A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações de crédito rotativo chegou, em agosto, a quase 400% ao ano – a maior desde agosto de 2017, quando era de 428%.
O rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não conseguiu pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.
Nesse caso, a diferença entre o valor total e o pago se torna uma espécie de empréstimo – acumulando juros sobre esse restante. Especialistas aconselham, no entanto, que essa linha de crédito seja evitada – isso porque é a mais cara do mercado.
O economista e professor de Finanças do Insper Alexandre Chaia listou as principais modalidades de crédito e quanto cada uma pesa no seu bolso.
Cartão de crédito – o tradicional cartão de crédito pode ser um grande aliado das finanças pessoais se usado de forma consciente. Um dos principais cuidados, no entanto, é manter o controle da fatura e evitar deixá-la em aberto, fugindo, assim, do crédito rotativo.
A taxa de parcelamento média do cartão de crédito está em 185,9% ao ano, segundo dados do Banco Central, e inclui compras parceladas com juros, parcelamento de fatura do cartão, parcelamento migrado do rotativo, saques parcelados e pagamento de contas parceladas.
Cheque especial – tipo de crédito oferecido pelos bancos, o cheque especial é uma modalidade muito usada por ser prática – mas que pode se tornar uma armadilha. A taxa média atual é de 128,6% ao ano.
Trata-se de uma espécie de empréstimo pré-aprovado, acionado quando você gasta valores acima do disponível na sua conta corrente. Ou seja, negativou? Vai entrar no cheque especial. E os juros da modalidade serão cobrados justamente sobre o valor negativado da sua conta.
Crédito pessoal (não consignado) – você vai ao banco e pede uma quantidade de dinheiro emprestada. Esse formato de empréstimo é chamado de crédito pessoal, que existe em duas categorias: o não consignado e o consignado.
A primeira é aquela em que você não compromete o pagamento diretamente na renda: a pessoa pega o valor emprestado e paga dentro dos prazos e condições combinados com o banco. Essa modalidade tem uma taxa média atual de 85,4% ao ano.
Crédito pessoal consignado – É uma modalidade com taxa mais baixa, já que é de maior segurança para o credor. No crédito pessoal consignado, o pagamento desse empréstimo é feito na fonte, com desconto diretamente do salário. E possui categorias diferentes para cada tipo de trabalhador:
Servidores públicos: taxa média de 22,8% ao ano;
Trabalhadores do setor privado: média de 37,4% ao ano;
Beneficiários do INSS: média de 26,5% ao ano.
Qual o melhor?
Os números falam por si só: quanto menor a taxa, menos vai pesar no bolso. Por isso, o crédito pessoal consignado deve ser a primeira opção, seja para o trabalhador do setor público, privado ou beneficiário do INSS. O não consignado vem na sequência como o mais vantajoso.
Em seguida, está o cheque especial. Apesar de poder virar uma armadilha, essa modalidade tem uma taxa ainda menor que a do cartão de crédito. Devem ser as últimas opções o cartão de crédito e o rotativo – que precisa ser evitado.
Simulação
Dentro das modalidades de crédito citadas, os juros podem, em números absolutos, representar uma diferença de mais de R$ 7,7 mil em um ano, se considerada uma dívida de R$ 2 mil, por exemplo.
Um empréstimo consignado de R$ 2 mil para os trabalhadores do setor público – crédito mais barato do mercado – será bem diferente dos mesmos R$ 2 mil no crédito rotativo.
Via consignado (a serem pagos em 12 parcelas), ele terá desembolsado, no fim de 12 meses, R$ 2.231,45. Enquanto isso, o mesmo valor no rotativo do cartão de crédito resultará no pagamento de R$ 9.968,00.
Planejamento
O primeiro passo é fazer uma planilha de receitas e despesas, de preferência com previsão de 12 meses, indica o professor Alexandre Chaia. A partir dela, analisar o que é ou não possível cortar nos gastos.
“Caso perceba que o orçamento já está comprometido até o fim do ano e que irá precisar de crédito, é importante também programar a modalidade e os prazos”, explica.
Selic x créditos
Chaia também destaca que os juros dos créditos no mercado não cresceram no mesmo ritmo que a Selic, a taxa básica de juros do país. De janeiro de 2021 até agora, a Selic teve uma alta de 11,75 pontos percentuais, chegando aos atuais 13,75%.
“Tanto para pessoa física quanto jurídica, o efeito do aumento dos juros pelo Banco Central ainda não foi sentido pela população. O crédito ainda não está alto, mas vai crescer bastante”, alerta.