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Política Votos úteis explicam diferenças entre pesquisas e urnas, dizem institutos

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Segundo o Ipec e o Datafolha, a própria divulgação das pesquisas indicando a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno pode ter alterado os resultados

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
As eleições suplementares nos municípios gaúchos ocorrerão junto com o segundo turno dos pleitos presidencial e estadual. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Pesquisas eleitorais do Ipec e do Datafolha divulgadas na véspera da eleição apresentaram divergências com os resultados das urnas. O Jornal Nacional foi ouvir os institutos para que esclarecessem o que aconteceu.

Bolsonaro

A diferença entre o resultado das urnas e projeções dos institutos de pesquisa ficavam evidentes à medida que a apuração avançava. A corrida presidencial é um exemplo disso. Na última pesquisa Datafolha, divulgada no sábado (1º), Jair Bolsonaro, do PL, aparecia com 36% dos votos válidos. Pela margem de erro, poderia ter de 34% a 38%.

Já a pesquisa Ipec mostrava Bolsonaro com 37%. Pela margem de erro, ele teria de 35% a 39%. Nas urnas, Bolsonaro teve 43,2% dos votos, de quatro a cinco pontos acima da margem de erro máxima nas duas pesquisas.

Lula

A pesquisa Ipec indicava Lula com 51% dos votos. Na margem de erro, teria entre 49% e 53%. Nas urnas, Lula conquistou 48,43% dos votos, dentro da margem do Datafolha, e um pouco fora da margem do Ipec.

Tebet e Ciro Gomes

No Datafolha da véspera da votação, Simone Tebet, do MDB, aparecia com 6% dos votos válidos. Na margem de erro, de 4% a 8%. E Ciro Gomes, do PDT, logo atrás, com 5%. Na margem, de 3% a 7%.

Já no Ipec, Tebet e Ciro Gomes apareceram com os mesmos 5% de votos válidos. Na margem de erro, de 3% a 7%.

Nas urnas, Tebet terminou com 4,16% dos votos, dentro da margem de erro indicada pelos dois institutos de pesquisa. Ciro Gomes teve pouco mais de 3% dos votos, também dentro da margem de erro dos dois institutos.

Explicações

Os dois principais institutos de pesquisa do país têm uma explicação parecida para o que aconteceu. A própria divulgação das pesquisas indicando a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno pode ter feito com que os eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet , que votariam em Jair Bolsonaro em segundo turno, antecipassem suas escolhas para o primeiro. Ou seja, a informação fornecida pelas pesquisas ajudou os eleitores a fazerem suas escolhas na última hora.

Márcia Cavallari, diretora do ipec, explica como isso teria acontecido. “A última pesquisa divulgada na véspera da eleição mostrava que o presidente Lula poderia ganhar a eleição no primeiro turno, e de fato ele ficou a 1,6% dos votos de ganhar no primeiro turno. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, teve seis pontos a mais do que a pesquisa apontava, e analisando os resultados nós vemos que houve uma migração dos 3% de indecisos que ainda tínhamos na pesquisa na véspera da eleição e o índice do Ciro e da Simone que ficaram menores. Então, talvez com essa informação os eleitores tomaram uma ação estratégica de antecipar um possível voto no segundo turno neste primeiro para impedir que a eleição acabasse no primeiro turno”, diz.

A diretora do Datafolha, Luciana Chong, tem uma avaliação parecida. “O que a gente viu na pesquisa de véspera foi um índice ainda de 13% de eleitores que declaravam que ainda poderia mudar o seu voto. E entre os eleitores de Ciro esse índice era de 41%, e entre os de Simone Tebet chegava a 37%. Então a pesquisa de véspera foi finalizada no sábado, por volta da hora do almoço, e dali até o domingo, o dia da eleição, a gente viu um movimento de eleitores que votavam no Ciro, Tebet, branco e nulo indo para o presidente Jair Bolsonaro. Então o voto útil que não aconteceu a favor de Lula, aconteceu a favor de Bolsonaro nessa reta final”, afirma.

Erros estaduais

Nos estados, as pesquisas também não conseguiram captar com precisão a disputa em primeiro turno. O Datafolha fez levantamentos em três estados. Acertou a ordem dos candidatos em dois, mas no Rio não apontou a definição em primeiro turno, e houve uma inversão entre o primeiro e o segundo colocados em São Paulo.

Já o Ipec pesquisou no Brasil todo. Em 21 unidades da federação, o instituto indicou quais seriam os primeiros colocados no primeiro turno, mas houve divergências em relação às margens de erro. Em quatro casos, houve inversão entre o primeiro e o segundo lugares.

No Piauí, a eleição foi definida em primeiro turno, e o vencedor foi diferente daquele que o Ipec tinha apontado na liderança. Em Mato Grosso do Sul, o candidato em terceiro lugar assumiu o primeiro lugar e está no segundo turno.

Em São Paulo, as simulações do Ipec para votos válidos e do Datafolha mostravam Fernando Haddad, do PT, na liderança. Tarcísio de Freitas, do Republicanos, vinha em segundo, com o mesmo percentual nos dois institutos.

Depois da votação, os dois acabaram indo para o segundo turno, como as pesquisas indicaram, mas o cenário se inverteu: Tarcísio ficou em primeiro, com 42,32% dos votos, e Haddad, em segundo, com 35,7%.

A diretora do Datafolha diz que houve transferência de votos do atual governador, Rodrigo Garcia, do PSDB, que já estava em terceiro lugar, para Tarcísio, que terminou em primeiro.

“Tínhamos dois candidatos antipetistas, Tarcísio de Freitas e Rodrigo Garcia, e quando chegou na véspera da eleição, 38% dos eleitores ainda não sabiam dizer espontaneamente em quem pretendiam votar para governador. Teve uma movimentação desses eleitores indo para Tarcísio, tanto que no resultado da véspera Rodrigo Garcia tinha 23% dos votos válidos e ele teve 18% no final”, afirma Luciana Chong.

Rio Grande do Sul

O resultado no Rio Grande do Sul também mostrou divergências em relação à pesquisa do Ipec. Nas urnas, Onyx Lorenzoni, do PL, ficou em primeiro, com 37,5% dos votos. Ele vai concorrer no segundo turno com Eduardo Leite, do PSDB, que teve 26,81%, depois de uma disputa voto a voto com Edegar Pretto, do PT, o terceiro colocado.

Mas na pesquisa Ipec, divulgada na véspera da eleição, Eduardo Leite tinha 40% das intenções de voto, enquanto Onyx aparecia com 30%, e Edegar Pretto, com 20%. Mais uma vez, uma ordem invertida.

 

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https://www.osul.com.br/votos-uteis-explicam-diferencas-entre-pesquisas-e-urnas-dizem-institutos-de-pesquisa/ Votos úteis explicam diferenças entre pesquisas e urnas, dizem institutos 2022-10-04
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