Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de outubro de 2022
Erros ou falhas dos engenheiros de Putin na usina podem a levar a uma catástrofe nuclear até maior que a de Chernobyl em 1986
Foto: Divulgação/KremlinO presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto na última quarta-feira (5) “nacionalizando” a usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, e passando o seu controle para trabalhadores russos. A medida ocorre após a Rússia anexar ilegalmente quatro regiões ucranianas, incluindo a cidade de Zaporizhzhia. O diretor-geral da agência nuclear da ONU viajou às pressas para Kiev por preocupações com a segurança da usina e disse que não reconhece a tomada russa.
A usina nuclear, que é a maior da Europa e uma das dez maiores do mundo, está sob controle russo desde o início da guerra na Ucrânia e tem se tornado um local de intenso combate nos últimos meses. No entanto, ela ainda era controlada por trabalhadores ucranianos. De acordo com o decreto de Putin, uma vez que as instalações agora estão localizadas em território russo – ao menos na ótica de Moscou – os trabalhos devem ficar sob controle russo.
Chernobyl
A mudança, no entanto, desperta intensa preocupação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pois erros ou falhas dos engenheiros russos na usina podem a levar a uma catástrofe nuclear até maior que a provocada pela explosão da usina de Chernobyl em 1986. Pelo risco, o diretor-geral da agência, Rafael Grossi, chegou nesta quinta, 6, a Kiev e depois viaja para Moscou.
Grossi reforçou seu pedido por uma zona de segurança ao redor da usina, uma demanda que vem fazendo desde que visitou a instalação nuclear em agosto. Ele disse no mês passado que havia negociações ativas com a Ucrânia e a Rússia para encerrar as ações militares dentro e ao redor da usina, mas deu poucos detalhes.
Ao chegar em Kiev, Grossi disse que ainda vê a usina como uma instalação ucraniana, já que a carta da ONU não reconhece anexações ilegais. “Esta é uma questão que tem a ver com o direito internacional”, disse ele em entrevista coletiva.
Ele afirmou que o objetivo principal da AIEA é evitar um acidente nuclear, que ele alertou ainda ser uma “possibilidade clara”, em vez de punir a Rússia por sua tentativa de aquisição da usina. E disse que a AIEA continuará mantendo os inspetores na instalação, como tem feito desde setembro. Nas próximas semanas, acrescentou, o número de inspetores passará de dois para quatro.
Decisão “nula”
Autoridades ucranianas criticaram a decisão russa, classificando o decreto de Putin como “nulo”, “sem valor”, “absurdo” e “inadequado”, e disseram que continuariam a gerenciá-la, embora, na prática, não esteja claro como isso poderia ser implementado enquanto a Rússia tem o controle da usina. “Todas as outras decisões sobre a operação da estação serão tomadas diretamente no escritório central da Energoatom”, disse Petro Kotin, chefe da empresa estatal de energia nuclear da Ucrânia, Energoatom.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia instou a União Europeia, o G-7 e outros aliados a impor sanções à empresa estatal de energia nuclear da Rússia, Rosatom. Além disso, pediu aos países membros da AIEA que limitem a cooperação com a Rússia.