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Mundo Com alta da inflação em Portugal, brasileiro refaz contas para viver no país

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Além dos preços, a inflação vai aumentar a saudade este ano. Com a disparada dos valores das passagens, famílias adiam reencontros

Foto: Divulgação
Além dos preços, a inflação vai aumentar a saudade este ano. Com a disparada dos valores das passagens, famílias adiam reencontros. (Foto: Divulgação)

Uma parte dos brasileiros em Portugal poupou dinheiro e aproveitou o câmbio favorável nas remessas para o Brasil. E a outra parte faz malabarismo para controlar o orçamento mensal, cada vez menor diante da maior inflação em 30 anos.

Os cortes nas despesas vão desde itens da cesta básica ao aluguel. Apesar de transportarem na bagagem medidas de combate comuns no Brasil, brasileiros dizem que são obrigados a refazer contas do planejamento inicial, ultrapassado pela inflação de 9,3%.

É o caso da paulista Bruna Nichimura, recém-chegada a Portugal. Ela e o marido vivem nos arredores de Lisboa há dois meses e cortarão despesas para esticar o dinheiro que trouxeram do Brasil.

Sem “luxos”

— O dinheiro que trouxemos não dá para quase nada. Vou cortar para conseguir arcar com as despesas, principalmente na alimentação. Diminuímos a variedade das carnes e “luxos”, como muçarela, presunto, chocolates e biscoitos — disse Nichimura ao Portugal Giro.

Ela é enfermeira e procura emprego. O marido é torneiro mecânico e trabalha na construção civil. Juntos, pagam € 600 (cerca de R$ 3 mil) no aluguel do apartamento de 45m2. Mas este mês ela conta que precisaram negociar o valor.

— Os aluguéis são absurdos, fora o valor do depósito (dois meses de aluguel). Infelizmente, este mês não conseguimos pagar o aluguel todo ao proprietário. Explicamos a situação e pagamos metade. Vamos pagando aos poucos o restante — declarou a enfermeira.

Previstas antes da inflação, atividades de lazer e turismo também passaram à categoria “luxo” na planilha do casal.

— Reduzimos bastante (os restaurantes). Só em momentos especiais ou alguma data nossa. Viagens estão fora de cogitação. O que temos é para sobreviver em Portugal e nos reestruturar — garantiu Nichimura.

Aluguel

O aluguel é a segunda maior despesa mensal que o empresário mineiro Bartolomeu Nunes tem com a filha, Anayse. Estudante de jornalismo, ela morava sozinha em um apartamento de um quarto bem perto da Universidade de Coimbra. Saiu porque começou a pesar no orçamento, asfixiado pelos € 700 (R$ 3,5 mil) da mensalidade do curso.

— Tivemos que trocar o apartamento onde ela morava e pagava € 400 euros (R$ cerca de 3 mil) para um apartamento que divide com mais três meninas, pelo qual passamos a pagar € 200 (mil reais) por mês — contou Nunes.

Além dos preços, a inflação vai aumentar a saudade este ano. Com a disparada dos valores das passagens, a família, que não se vê desde janeiro, adiou o reencontro no fim de ano.

— Ela está no 3º ano. Nos outros dois, conseguimos ir a Portugal duas vezes por ano. Agora, devido ao alto custo, principalmente do voo, só poderemos ir em maio de 2023, que é quando ela se forma — contou Nunes.

A inflação

A inflação alterou o estilo de vida de Anayse, que agora mora mais distante da universidade, come carne raramente e passou a almoçar na cantina.

— Gastava € 50 (R$ 252) numa compra de mês. Hoje, uma compra decente não sai por menos de € 70 (R$ 352). A carne está mais cara e nem sempre vêm bons cortes. É raro eu comer. Opto pelas cantinas universitárias e pago € 2,40 pela refeição completa — diz Anayse, que desistiu da viagem à Bélgica para comemorar o aniversário:

— As passagens também estão caríssimas. Meu aniversário é daqui a quatro dias e eu desisti de viajar porque eram € 130 (R$ 655) só de passagens.

Como na pandemia de Covid-19, a crise alimentar chegou à classe média e aos imigrantes, incluindo brasileiros. No início de outubro, o “Jornal de Notícias” publicou que aumentou a procura destas faixas da população por ajuda nos bancos alimentares de Portugal.

O Banco de Portugal divulgou que o custo da cesta básica aumentou 15% entre outubro de 2021 e agosto de 2022. Mas alguns itens, como cereais e carne, tiveram subida de 20%. No período de seis meses após a Ucrânia ser invadida pela Rússia em fevereiro, o valor subiu 11%, segundo a Deco Proteste.

Em meio à incerteza na Europa devido ao conflito iniciado por Vladimir Putin, o governo apresentou ontem ao Parlamento o orçamento para 2023, onde traça um cenário otimista. Na base da proposta, o Executivo prevê taxas de inflação de 7,4% ao fim de 2022 e de 4% em 2023. E estima um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,3%.

O governo, que já havia revelado parte das medidas quando anunciou um pacote de auxílio, propõe o aumento do salário mínimo de € 705 (R$3,5 mil) para € 760 (R$ 3,8 mil). No funcionalismo público, garante aumento mínimo de € 52 (R$ 262) por ano até 2026.

Taxas diferentes

Estão previstas alterações nas taxas que beneficiariam dois milhões de famílias com o pagamento de menos Imposto de Renda, além de deduções maiores para famílias com dois ou mais filhos.

Dentro do mínimo de existência do Imposto de Renda, numa faixa do salário mínimo aos € 1 mil (R$ 5 mil), os rendimentos de trabalho estarão isentos e podem significar ganho de até € 425 (R$ 2,1 mil). Uma medida que valeria para mais de três milhões de trabalhadores.

Há, ainda, previsão de mais creches gratuitas, apoio financeiro para residências de estudantes, ajuda com os encargos de habitação e aumento de pensões.

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Diante do impacto da inflação e da previsão de subida dos juros em 2023, especialistas e a oposição queriam mais e consideraram as medidas insuficientes. O Bloco de Esquerda já havia classificado de embuste o aumento das pensões e tem criticado a perda do poder de compra.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu recentemente que está mais pessimista que o governo, mas ressaltou que o orçamento foi feito em um tempo “difícil e com muitas imprevisibilidades”.

— Eu tenho de reconhecer que as previsões do governo são mais otimistas do que aquelas que eu tinha (…) Uma imprevisibilidade pode levar a que a taxa de inflação possa ser um bocadinho mais elevada, pelo menos no começo do ano que vem — disse o presidente, citado pela agência “Lusa”.

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