Sábado, 18 de janeiro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Política Institutos de pesquisa refinam metodologias para medir abstenções

Compartilhe esta notícia:

Eleição deste ano confirmou que o padrão de abstenção não é uniforme nos diferentes estados e regiões do país

Eleição deste ano confirmou que o padrão de abstenção não é uniforme nos diferentes estados e regiões do País. (Foto: Reprodução)

Medir a abstenção eleitoral tem sido um dos grandes desafios dos institutos de pesquisa no Brasil. A literatura internacional atesta que perguntar aos eleitores se eles pretendem votar não é suficiente para projetar com segurança quantos vão efetivamente comparecer às urnas no dia da eleição.

Como em uma receita de bolo, cada instituto tem seu próprio ajuste para corrigir detalhes das amostras e chegar mais perto do universo votante. Os modelos para chegar aos números que tentam isolar ao máximo a opinião de quem vai faltar são adotados nos Estados Unidos desde a década de 1950.

Especialistas admitem que a tarefa é difícil, sobretudo num país onde o voto é obrigatório. Consideram, no entanto, o cálculo de extrema importância, ainda mais pelo tamanho do contingente de faltosos em toda eleição presidencial do país: cerca de um em cada cinco eleitores não aparecem.

Omitir o intuito de se abster das pesquisas eleitorais é um fenômeno comum no Brasil e no mundo e está ligado ao que se convencionou chamar de “viés de desejabilidade social”. Acontece quando alguém prefere ocultar a verdade e dar uma resposta considerada socialmente aceitável. Neste caso, ocorre quando um eleitor se sente constrangido em admitir que irá abdicar de uma obrigação como o voto.

Há, ainda, fatores externos que se somam às causas da abstenção, como o custo do transporte para votar, ponto que esteve sob análise do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e afeta principalmente pessoas de baixa renda, além de imprevistos e da própria falta de interesse do eleitor.

Cálculo

Até este ano, pouco se falava em calcular abstenção no Brasil, embora o país tenha sempre uma média de 20% de ausentes nas disputas presidenciais. A divergência na projeção dos institutos no primeiro turno acabou servindo de alerta para as empresas de pesquisa, afirma Clifford Young, presidente da Ipsos nos Estados Unidos.

“O Brasil não tem uma base de conhecimento forte e sólida sobre likely voter models. Isso faz com que pesquisas com amostras robustas que representam a população geral não acertem o resultado da eleição, visto que aqueles que votam são diferentes dos que não votam”, afirma Young, que também atribui a força da discussão no segundo turno ao contexto eleitoral. “Não houve um barulho no passado tão forte como este ano. Só tínhamos três institutos, sem grandes erros, apesar de um desempenho variável. Não havia pressão do mercado, da sociedade, e uma eleição apertada e com tanto peso como esta.”

Tentativas

O Ipec usa dois filtros antes de começar seus questionários presenciais nas casas dos eleitores. O primeiro pergunta se a pessoa vota ou não vota naquela cidade sorteada. Se não for o caso, a entrevista é encerrada. Segundo Márcia Cavallari, CEO do Ipec, “grande parte da abstenção é estrutural, ou seja, pessoas que se mudaram e não transferiram o título”.

A segunda pergunta busca saber, de forma mais genérica, se o entrevistado votou ou não em eleições passadas. Esse questionamento não é feito sobre uma eleição específica, mas sim em busca de medir se esse eleitor tem o hábito de ir à sua seção e votar. Assim, a amostra do Ipec pode ser vista como de votantes e não eleitores.

“Entretanto, isso não resolve o problema do perfil dos eleitores que se abstêm de votar, principalmente quando há uma clivagem social forte entre os candidatos. Além disso, temos testados alguns modelos de likely voters, mas ainda não são definitivos e nem foram divulgados”, explica Márcia Cavallari.

Engajamento

Segundo a CEO do Ipec, esses modelos consideram perguntas sobre engajamento com as eleições, campanhas e comportamento eleitoral. As respostas são combinadas e cada entrevistado ganha um”score”, uma nota, para que os estatísticos consigam analisar os que estão mais e menos propensos a votar.

Já a pesquisa Genial/Quaest se inspirou em um modelo americano para colocar em prática já no segundo turno o seu próprio controle de likely voter, explica Felipe Nunes, CEO do instituto.

“Como o voto no Brasil é obrigatório, e os institutos nunca foram eficazes na identificação do eleitor que se abstém, os institutos assumiam que a abstenção era uniformemente distribuída no eleitorado. A eleição deste ano confirmou que o padrão não é uniforme. Abstenção foi maior no norte de Minas, no sul da Bahia, no interior do Maranhão, no litoral sul de São Paulo. Essa distribuição regional não uniforme tem impactado nos resultados esperados. Ou seja, me parece razoável incorporar o quanto antes likely voter models nas estimativas de intenção de voto”, diz Nunes, que é cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Justiça Eleitoral busca acordo entre campanhas de Lula e Bolsonaro para encerrar guerra por direito de resposta em inserções na TV
Homem é condenado a 21 anos de prisão por morte de funcionário da Corsan
https://www.osul.com.br/institutos-de-pesquisa-refinam-metodologias-para-medir-abstencoes/ Institutos de pesquisa refinam metodologias para medir abstenções 2022-10-21
Deixe seu comentário
Pode te interessar