Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2022
A Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos de curto alcance no Mar do Japão (chamado de Mar do Leste nas duas Coreias), em mais um gesto que contribui para agravar o clima de tensão na península coreana. Os projéteis foram detectados por militares sul-coreanos, por volta das 12h desta sexta-feira (28), no horário local (meia-noite no horário de Brasília).
A ofensiva ocorre no mesmo dia em que a Coreia do Sul e os Estados Unidos concluíram manobras militares importantes e anunciaram a realização de um exercício aéreo de grande escala na próxima semana. Com essa última ação, Pyongyang soma ao menos 36 lançamentos de mísseis somente em 2022.
Uma tensão semelhante à alcançada durante a crise de 2017 está sendo se formando diante do número recorde de projéteis lançados, das manobras militares replicadas por Coreia do Sul e Estados Unidos, e da possibilidade do regime realizar um novo teste nuclear.
Esse é o primeiro lançamento de armas balísticas feito pelo Norte em duas semanas. Na ocasião, os Estados Unidos alertaram o país de que o uso de armas nucleares “resultaria no fim do regime”, após consecutivos lançamentos feitos ao longo de um mês.
As Forças Armadas da Coreia do Sul disseram que “aumentaram a postura de vigilância e mantêm a prontidão em meio a uma estreita coordenação com os Estados Unidos”.
Já os EUA disseram que esses lançamentos não representam uma ameaça imediata, mas ressaltaram o “impacto desestabilizador” das armas nucleares ilícitas e programas de mísseis balísticos da Coreia do Norte”.
O lançamento desta sexta-feira ocorre no mesmo dia em que Seul e Washington concluíram suas manobras militares combinadas de Hoguk . A Coreia do Norte vê esses exercícios regulares como prática para lançar um ataque ao Norte, embora os aliados digam que seus exercícios são de natureza defensiva.
Os exercícios aéreos ‘Vigilant Storm’ da próxima semana serão executados de segunda a sexta-feira e deverão envolver cerca de 140 aviões de guerra sul-coreanos e cerca de 100 aeronaves dos EUA. Os aviões incluem caças sofisticados como o F-35 de ambas as nações, disse o Ministério da Defesa da Coreia do Sul, em comunicado nesta sexta.
Essa mobilização não só envia à Coreia do Norte uma mensagem de força, mas também, com o envio de aeronaves como o F-35B, sublinha a insistência dos aliados em fazer uso da chamada dissuasão estendida, isto é, um compromisso assumido, em maio deste ano, por Washington com Seul que consiste em enviar ativos estratégicos dos EUA para a península coreana de “maneira coordenada e quando necessário” com base nas ações do regime do norte.
A Coreia do Norte, que está completamente isolada do exterior desde o início da pandemia e se recusou a retomar o diálogo com o Sul ou os EUA, aprovou em 2021 um plano de modernização de armas que está por trás do número recorde de lançamentos que contribuíram para alimentar a corrida armamentista na península e fazer com que as manobras combinadas dos aliados incluam mais uma vez o uso de recursos com maior poder destrutivo.
Os satélites também mostram que o regime de Pyongyang se prepara há meses para realizar, em Punggye-ri (nordeste do país), o que seria seu primeiro teste nuclear desde 2017.
Desde o final de setembro, a Coreia do Norte lançou uma série de mísseis em direção ao mar que divide parte dos territórios das coreias, no que chamou de testes simulados de sistemas de armas nucleares táticas projetados para atacar alvos sul-coreanos e norte-americanos.
A Coreia do Norte argumentou que as suas atividades de teste seria uma espécie de alerta em meio à série de exercícios militares entre o Sul e os EUA.
No entanto, especialistas dizem que Pyongyang também usou os exercícios de seus rivais como uma chance de testar novos sistemas de armas, aumentar sua capacidade nuclear e ampliar sua influência em futuras negociações com Washington e Seul.
Tongchon, o local de lançamento desta sexta-feira no Norte, fica a cerca de 60 quilômetros da fronteira intercoreana. A área estava aparentemente mais próxima da Coreia do Sul que qualquer outro local de lançamento de mísseis que a Coreia do Norte tenha usado até agora.