Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de maio de 2015
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, em entrevista ao jornal britânico Financial Times, que o atual sistema político do Brasil está quebrado e defendeu uma reforma política para restaurar a credibilidade do País. Na entrevista, FHC identificou falta de interesse e descrença da população na política, que ele creditou aos “muitos erros que vêm ocorrendo nos últimos anos”.
Na visão do ex-presidente, o sistema político brasileiro está sendo, na prática, uma mistura de parlamentarismo e presidencialismo – embora, em tese, Executivo e Legislativo sejam independentes, o Executivo tem que nomear ministros de aliados no Congresso para não ocorrer uma paralisia do sistema.
Para evitar que isso aconteça, o tucano disse que apoia a proposta do senador José Serra (PSDB-SP) de introduzir eleições majoritárias no Legislativo já para as próximas votações para vereador, em contraste com o atual sistema de voto proporcional. A medida seria, na visão de FHC, um primeiro passo para uma reforma política em nível nacional e evitaria fenômenos como os puxadores de voto, quando candidatos mais votados acabam elegendo outros que não tiveram votação expressiva.
“Vamos testar se, pelo menos a nível local, é possível tentar outro sistema eleitoral. Se for tudo bem, ampliamos para outros níveis”, afirmou.
Para FHC, entre os maiores sinais de que o atual sistema brasileiro está em crise, estão a baixa popularidade da presidenta Dilma Rousseff e os pedidos de impeachment de seu mandato apenas seis meses depois das eleições presidenciais. Apesar da crise do PT, FHC acredita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrerá novamente à presidência em 2018. “O PT não tem outra alternativa a não ser o Lula”, ressaltou.
Programa do PSDB
No programa nacional do PSDB, que irá ao ar na noite desta terça-feira, o ex-presidente tucano atacará a gestão petista na Petrobras e dirá que “nunca antes na história desse País se errou tanto e se roubou tanto em nome de uma causa”.
O escândalo na estatal é um dos temas mais explorados no filme e integra as falas de FHC e do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (PSDB-MG), que disputou a última eleição e foi derrotado por Dilma.
FHC diz que é preciso “passar a limpo” o que houve na empresa e que os desmandos começaram antes do governo Dilma, com a chegada do ex-presidente Lula ao poder. “A primeira coisa para reerguer o Brasil é passar a limpo os erros que nos trouxeram até aqui. A raiz da crise atual foi plantada bem antes da eleição da atual presidenta. Os enganos e desvios começaram já no governo Lula”, declarou.
O ex-presidente afirma ainda que o “não só a Petrobras foi roubada”, mas “o País foi iludido com sonhos de grandeza enquanto a corrupção corria solta”.
Aécio também aborda os problemas na estatal e diz, de maneira velada, que há um risco para o País com a manutenção do PT no poder. “Se a corrupção ganhar, ela vai voltar cada vez pior, cada vez mais forte. É hora de fazer o que é certo”, diz o tucano no vídeo.
Em uma vacina contra o discurso de petistas de que expressa o desejo de golpistas ao criticar a presidenta Dilma, Aécio reafirma que seu partido respeita o resultado das eleições, mas ressalta que o povo escolheu um governo, mas também elegeu uma oposição. “Para nós, palavra empenhada em uma eleição é para ser honrada”, encerra o senador.
Referência à campanha
O programa também evidencia a tese da oposição de que Dilma enganou o povo para se reeleger, relembrando promessas feitas durante a última eleição. Falas da presidenta sobre o controle da inflação, o reajuste nas contas de energia e a promessa de não arrochar salários nem cortar direitos dos trabalhadores são destacadas.
No programa tucano é abordado ainda que, desde o início do mandato, Dilma iniciou um ajuste fiscal e mudou as regras para a concessão do seguro-desemprego, por exemplo, endurecendo as normas para acesso ao benefício. Um locutor ressalta que todo mundo aprende ainda criança que “mentir é feio” e que, quando é a presidenta quem mente, o caso é “mais grave”.
A propaganda é permeada por lemas que defendem a atuação da oposição. “Ser oposição não é dizer não a tudo. É ser a favor do País.”
Além de Aécio e FHC, os líderes do PSDB na Câmara dos Deputados e no Senado, Carlos Sampaio (SP) e Cássio Cunha Lima (PB), respectivamente, também aparecem na peça publicitária.