Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de novembro de 2022
“O único ministro já definido é Flavio Dino porque Lula o nomeou em praça pública”. Acossado pelas ansiedades em torno do ministério, um coordenador da campanha lembra o comício do ex-presidente em São Luís, em 2 de
setembro, quando ele olhou para o candidato que se elegeria senador pelo PSB do Maranhão e disse: “Flavio Dino que se prepare. Vai ser eleito senador, mas não será senador muito tempo porque vai ter muita tarefa nesse País”.
Sua experiência como juiz de carreira o empurra para a Justiça e, como governador, para a Casa Civil, mas Lula se limitou a qualificar sua passagem pelo Palácio dos Leões: “O genocida o chama de governador gordão e eu te chamo de governador mais competente que temos no País”.
Tirando Dino, que não estava no palanque da Avenida Paulista na noite de domingo (30) – ficou no Maranhão cuidando da eleição no Estado que deu 71,1% dos votos a Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno – Lula não tem ministro nomeado. E nem terá até esta sexta-feira (4), quando o ex-presidente volta de uma viagem a Bahia, onde vai descansar e prestar homenagem à votação que teve no Nordeste. Naquele Estado, em que Lula teve 72,1% dos votos, o PT completará, com a eleição de Jerônimo Rodrigues, 20 anos no poder.
As especulações são livres, algumas delas calçadas no prestígio que adquiriram ao longo da campanha, como a senadora Simone Tebet (MDB), ou na proximidade desfrutada junto ao presidente eleito, como Fernando Haddad,
que deu ao PT o melhor desempenho da história do partido na disputa pelo governo do Estado, com 44,7% e é responsável pela aproximação entre Geraldo Alckmin e Lula.
É natural que Marina Silva, que negociou sua adesão á candidatura mediante a criação de uma Autoridade Climática, a acompanhar a gestão da política ambiental do governo, seja cotada para o cargo, mas não há sinais de que as gestões de ex-diretores da gestão Henrique Meirelles no Banco Central, hoje bem postos no mercado financeiro, tenham acolhida definitiva de Lula. Até porque são gestões para que o ex-colaborador petista vá, não para a Economia, mas para o Itamaraty.
Pelo papel que teve na campanha, Aloizio Mercadante é apontado como o candidato natural a montar esta transição. Embora negue, é ele quem tem se movimentado, ao lado da ex-ministra Miriam Belchior, junto a instituições como o Tribunal de Contas da União pela garantia de acesso aos dados que possam pavimentar a montagem do próximo governo.
O tema foi discutido na segunda (31), em meio a uma agenda que ainda teve um encontro com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e telefonemas de chefes de Estado, como Emmanuel Macron (França) e Joe Biden (EUA).
O vice-presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, soltou uma ordem de serviço nomeando os ministros Vital do Rego, Antonio Anastasia e Jorge Oliveira para integrar o comitê a ser coordenado por ele para garantir o acesso da equipe de transição aos grandes bancos de dados da União: Dataprev, Serpro e Receita Federal.
Embora os despachos passem pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, a presidente da Caixa Econômica Federal, Daniela Marques, que recuou na concessão do crédito consignado do Auxílio Brasil a tempo de não se indispor com as instituições de controle e com o próximo governo, é uma das possíveis interlocutoras da equipe de transição.