Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de novembro de 2022
Economistas dizem que resultado será como os congelamentos anteriores. Num primeiro momento dá certo, mas logo a pressão inflacionária volta com mais força
Foto: DivulgaçãoO ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, disse nesta semana, em entrevista a uma rádio local, que o governo está preparando um plano de estabilização de preços para congelar os valores de produtos mais consumidos pela população, como alimentos, bebidas e itens de higiene e limpeza. As informações são do jornal argentino Clarín.
Esta não é primeira vez que o governo de Alberto Fernández tenta implantar essa modalidade, visando segurar a inflação. Desta vez, a intenção é congelar 86% dos produtos em circulação por 120 dias. O objetivo é conter a inflação, em 83% ao ano, para não chegar em 100%.
Em outubro do ano passado, Fernández apresentou uma lista com mais de mil produtos que não poderiam ter reajuste por 90 dias.
Experiências anteriores
Em abril de 2019, o ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, também tomou a mesma medida. Na época, a inflação mensal dos alimentos era de 4,7%. Já em 2021, o acúmulo da inflação no país já chega a 37%.
Em 2013, o governo da então presidente Cristina Kirchner obrigou supermercados a manter valores inalterados por 60 dias dos produtos de primeira necessidade
De acordo com Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama, o governo da Argentina já tentou aplicar essa regra por várias vezes, e nunca deu certo. “Isso jamais vai dar certo em qualquer governo, pois os preços são resultados de demanda e oferta. Se alguém interfere, vai causar um desequilíbrio favorecendo alguém, e prejudica outrem”, explica o economista. Espirito Santo conclui dizendo que essa ação faz a inflação volta com mais força sempre.
Para Carlos Honorato, professo de economia da FIA Business School, a Argentina tenta implantar essa política desde os anos 80 e nunca obteve sucesso economicamente. “Essa decisão de congelamento de preços é uma tentativa constante no país, pois eles trabalham com uma lista de itens e sempre está oscilando os valores”, explica.
Pressão inflacionária
Honorato lembra que a Argentina já aplicou esse congelamento só em combustíveis alguns anos atrás, mas teve que acabar, porque a lista de produtos estava muito grande e o resultado não foi satisfatório. “No ano passado bloquearam os preços de mais de mil produtos, mas voltaram atrás novamente. O governo argentino apresenta cada novo congelamento como uma novidade, e desta vez é o aplicativo de controle, o que no final não vai dar certo do mesmo jeito”, afirma.
O resultado, segundo o professor, será como os congelamentos de antes: num primeiro momento dá certo, a inflação fica mais controlada, mas passando cerca de dois a três meses, começa a faltar produto e a pressão inflacionária volta com mais força.