Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 9 de novembro de 2015
Mulher do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz sonegou, por três anos consecutivos, a existência de ativos no exterior que deveriam ter sido declarados ao Banco Central e à Receita Federal.
Extratos bancários da conta Kopek, em nome da mulher do parlamentar, demonstram que, em 31 de dezembro de 2014, estavam depositados 278 mil dólares. Na mesma data de 2013, o saldo era de 148 mil dólares e, no último dia de 2012, era de 287 mil dólares.
O Banco Central exige uma declaração de todo contribuinte de contas no exterior cujo saldo seja superior a 100 mil dólares em 31 de dezembro do ano anterior. A omissão da declaração pode ser punida com multa de 250 mil reais. A declaração da existência da conta, independentemente do valor, também é obrigatória no Imposto de Renda.
Os recursos da conta Kopek e da Netherton Investments (cujo beneficiário final é Cunha) estão bloqueados desde abril, quando o Ministério Público da Suíça instaurou inquérito contra Cunha por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
A versão de Cunha sobre as contas – cuja existência ele negou perante à CPI da Petrobras – começou a mudar após 29 de outubro, quando a Justiça da Suíça rejeitou recurso dos advogados do peemedebista contra a transferência da investigação da Procuradoria suíça para as autoridades brasileiras. A decisão enterrou a possibilidade do deputado obter, pela via judicial suíça, a invalidação das provas enviadas ao Brasil.
A partir dali, o presidente da Câmara começou a dizer a aliados e depois em público que era beneficiário de dois trustes (estrutura que administra bens de terceiros) e que os recursos em nome de Cláudia não precisavam ser declarados por manter saldo inferior ao mínimo que torna a declaração obrigatória.
Cunha admitiu, porém, que a conta de Cláudia deveria ter sido declarada e pagar impostos. O peemedebista disse que a conta da mulher só recebia dinheiro de uma das contas do truste em que ele próprio era beneficiário, a Triumph SP, para reembolsar despesas com educação dos filhos. (Folhapress)