Sábado, 01 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de novembro de 2022
Bacharel em Direito e sem histórico de violência ou passagens pela polícia, a modelo Marcella Ellen Martins, de 31 anos, foi presa por matar o noivo com um tiro no rosto dentro de um motel e por roubar uma kombi escolar numa fuga cinematográfica. O crime ocorreu um dia antes do casamento civil marcado com o empresário Jordan Lombardi, de 39 anos.
Marcella foi presa após se entregar a policiais militares em um posto de gasolina de Cocalzinho de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, onde estava seminua e armada com um revólver. Levada para a delegacia, ela confessou o crime. Já no presídio, a Justiça manteve a prisão durante audiência de custódia.
O advogado Johnny Cleik disse que ela atirou em legítima defesa porque foi agredida pelo noivo durante a discussão e que vai pedir o relaxamento da prisão.
O casal se dava bem e era apaixonado. Viajava muito juntos. O perfil da modelo em redes sociais ostenta fotos em países como a França, nas Ilhas Maldivas, em Dubai, entre outros.
A modelo fez tratamento contra um câncer na coluna há alguns anos, conforme explicou o advogado, e venceu a doença. Mas há poucos meses, recebeu novo diagnóstico de câncer na cabeça e ainda não havia iniciado tratamento.
Classe média
Marcella Ellen nasceu em uma família de classe média, segundo o advogado. Ela morava no Riacho Fundo I, no Distrito Federal, se formou em Direito, mas sempre alimentou o sonho de ser modelo. Na infância, a então criança cresceu em um lar evangélico, que frequentava a igreja todos os domingos.
Quando terminou o último relacionamento, Marcella decidiu se mudar para São Paulo e tentar a vida como modelo. Lá, ela conheceu o empresário Jordan Lombardi, sócio de uma empresa que presta consultoria internacional no mercado financeiro.
Mas há poucos meses antes da cerimônia, quando o casal estava em casa, no bairro Moema, uma região de alto padrão de São Paulo, Marcella e Jordan iniciaram uma briga que se arrastou até terminar na morte do empresário e na prisão da modelo.
Marcella estava com Jordan e a enteada, de apenas 3 anos, quando a menina relatou que foi estuprada por uma pessoa próxima ao empresário. A modelo alega que sofreu abuso sexual na infância e, por isso, se indignou com o relato. Ela passou a cobrar uma atitude de Jordan e queria que ele denunciasse o caso à Polícia Civil.
O advogado contou que o empresário tinha uma situação financeira bastante confortável. A empresa lhe rendia, anualmente, cerca de R$ 2 milhões. O carro que Marcella usou para fugir do motel, um Audi Q7, ano 2021, avaliado em R$ 400 mil, foi um presente dado por Jordan. Ele tinha encomendado um Porsche novo, em SP, de R$ 1,5 milhão, que receberia em poucas semanas.
Segundo a defesa, o casal não tinha histórico de violência e a relação era boa. Tanto que Marcella gostava de passear com a enteada e fazia questão que o noivo a buscasse para passar os finais de semanas juntos. Ela queria que Jordan tivesse mais contato com a filha.
Origem da arma
O advogado da modelo contou que a arma foi comprada de forma clandestina em São Paulo. Diante da denúncia da filha e a cobrança da noiva, Jordan Lombardi decidiu resolver o problema sozinho, já que não queria fazer denúncia à polícia.
“Provavelmente ele queria matar o abusador da filha, mas acabou não fazendo isso. A Marcella contou que ele foi até a casa da pessoa e fez ameaças, atirou para o alto, mas foi embora”, explicou o advogado.
Essa confusão aconteceu antes de o casal pegar o carro e viajar para Brasília, onde ia acontecer o casamento. No dia, inclusive, foi registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) em desfavor de Jordan por disparo em via pública, de acordo com o advogado.
Crime em motel
De acordo com a investigação da Polícia Civil, a modelo morava com o noivo, Jordan Lombardi, de 39 anos, em São Paulo. O casal estava hospedado em um hotel de Brasília há dois dias. O assassinato aconteceu no DF, e ela usou o carro do noivo para fugir do motel.
O delegado Rafhael Barboza, responsável pela investigação, disse que ela confessou os crimes durante depoimento na delegacia. A modelo foi presa por homicídio e roubo depois de se entregar à polícia em um posto de gasolina, onde estava armada e seminua.
A motivação do crime, segundo a modelo, foi que o noivo não quis denunciar à Polícia Civil de São Paulo um possível crime de estupro de vulnerável contra a própria filha, que tem 3 anos. A mulher disse que o padrasto da menina teria cometido o estupro.