Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de novembro de 2022
A Justiça do Rio de Janeiro negou um habeas corpus pedido pela defesa do anestesista Giovanni Quintella Bezerra. Ele foi denunciado por estuprar uma mulher durante o parto no centro cirúrgico do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense (RJA), em julho desse ano.
A decisão é do desembargador Celso Ferreira Filho, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. O processo tramita em segredo de justiça. A primeira audiência sobre o caso está prevista para o dia 12 de dezembro.
Outro pedido de habeas corpus já havia sido negado no começo do mês. Na ocasião, além da liberdade, entre os pedidos apresentados pela defesa do anestesista, também estavam o reconhecimento da ilegalidade da prova obtida por captação ambiental e, por consequência, de ausência de justa causa em razão da inexistência de indícios da materialidade e autoria delitiva. Ambos foram rejeitados.
O registro do crime foi feito pelo celular de uma das profissionais que acompanhavam a cirurgia. O aparelho ficou escondido na parte interna de um armário localizado dentro do centro cirúrgico. Quintella foi preso em flagrante no dia 10 de julho e sua prisão foi convertida em preventiva – que não tem prazo para expirar – , após passar por audiência de custódia.
Caso
O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, foi preso e autuado em flagrante, no dia 10 de julho, por estupro. Segundo investigadores, ele abusou de uma paciente enquanto ela estava dopada e fazia uma cesariana.
Funcionários do hospital já desconfiavam do comportamento do anestesista e o filmaram colocando o pênis na boca de uma paciente quando esta estava completamente desacordada.
O anestesista foi indiciado por estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão.
Investigações posteriores mostraram que ele fez outras vítimas, e deve ser julgado posteriormente por esses crimes também.
Um mês após ser estuprada na sala de parto, a vítima do médico anestesista deu detalhes do dia do crime. Acompanhada do marido, ela falou sobre o trauma de um dia que deveria ter sido inesquecível por causa do nascimento de uma criança, e não pela violência e covardia.
A mulher conta que o anestesista tinha sido o primeiro médico a falar com ela, e foi atencioso.
“Ele falou pra mim que ia falar tudo que ele ia fazer, para me explicar todo o procedimento”.
Ela disse ao médico que estava se sentindo mal.
“Alguém falou: ‘Ela teve uma hipoglicemia’. Eu fiquei várias horas em jejum. Antes da anestesia, eu falei que tava me sentindo enjoada. Aí ele tirou a minha máscara. Eu tava com uma máscara de tecido. Aí ele me colocou no oxigênio. Acredito eu que seja só oxigênio, eu não sei. Ele falou pra mim que tava tudo bem, pra eu ficar tranquila, que ele tava monitorando”.
Além de enjoada, ela, que já era mãe, foi se sentindo estranha.
“Eu me sentia fraca. Meus braços apoiados lá, eu sentia a minha mão um pouco sem força. Nos meus partos anteriores eu nunca passei por isso. Fiquei preocupada, mas não achei que seria nada demais”.
A vítima diz se lembrar de pouca coisa depois que o filho nasceu.
“Eu lembro que a gente tirou foto, e lembro só do bebê no colo. Aí já não lembro de mais nada”.