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Colunistas A transição

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Um país que se queira dizer democrático deve ter um modelo de imprensa igual ou muito parecido com o Brasil. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Dá-se importância exagerada ao período de transição de um governo para outro. É uma festa para a mídia, que tem matéria para se ocupar por um bom tempo. Mas o seu real significado só se desenha com nitidez aos poucos, a partir da designação final dos principais ministros.

A mídia faz o que tem de fazer: informar de modo razoável para que lado o vento sopra. Em um único dia – quando Lula nomear o novo ministro da Fazenda – o jogo começa de verdade.

Claro, acompanhar de perto, como torcedor ou de alguma maneira interessado, as mumunhas, as trairagens, o sobe-e-desce dos personagens tem sua graça. É a política em estado bruto e puro. Quem desempenha papel de relevância? Quem será mero coadjuvante, peça para “compor o time”, ministro que depois a gente esquece o nome? Quem começa na reserva e depois assume a titularidade?

No fundo, é um exercício de futurologia. É uma fase em que os meandros, os bastidores, o diz-que-me-diz, as informações de cocheira predominam. Algumas delas surgem em um dia e depois desaparecem como por encanto e nunca mais se ouve falar. Foi apenas uma frase ouvida no corredor, uma cogitação vaporosa, um palpite da hora.

Vejam que por agora, depois de quase 30 dias do pleito, as únicas coisas que se podem garantir são as que já se sabiam. O protagonismo de Geraldo Alckmin? Não é surpresa. Alckmin é um personagem relevante na política brasileira. Escolado, leal, competente, tem diálogo amplo com o centro, sabe tudo de formação de governo. Não produzirá nenhum fato espetacular, não é de fazer marola. Certamente influenciará a nova administração, e é pouco provável que entre em atrito com Lula ou atrapalhe o governo.

Como sói acontecer, os olhos se voltam para o grande vencedor, Lula. Tudo o que ele diz pode sofrer as mais duras críticas ou os mais entusiasmados aplausos. Em certas áreas do petismo e da esquerda, o Brasil definitivamente superou a fase vergonhosa da era Bolsonaro no cenário mundial. Mais do que isso, entrou em campo um estadista. Menos, senhores, menos…

A verdade é que, depois da vitória, Lula já recebeu mais críticas da grande imprensa do que em toda a campanha. É a bola da vez. Nos países de imprensa livre todos os governantes se queixam, se julgam perseguidos, têm medo pânico de jornalistas independentes. Bolsonaro era um crítico enfurecido da grande imprensa, no que tinha razão e principalmente no que não tinha. Ela cumpre um papel nos países democráticos – ser implacável, e até cruel, nas denúncias contra os poderosos da época.

De qualquer maneira, a transição produziu muita espuma mas ainda não engrenou. Nos assentamentos petistas tudo segue como dantes, não esqueceram dos velhos tempos, das velhas batalhas – um certo messianismo salvacionista, uma reclamação chorosa (e estratégica) da herança maldita, um certo ranço com o mercado, a lenda de que o que conta e vale é a “vontade política” – nada dessas artimanhas neoliberais, nada que cheire a controle e equilíbrio fiscal.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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