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Variedades Série “Flordelis – Em Nome da Mãe”, da HBO Max, mostra ascensão da ex-deputada até a condenação pelo assassinato do marido Anderson do Carmo

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A série revela bastidores da prisão da ex-deputada. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Conhecida pelo trabalho na música gospel e por ter ser mãe de 55 filhos, entre biológicos e adotados, Flordelis surpreendeu a todos quando foi acusada por um de seus herdeiros, Misael, como mentora intelectual do crime que matou seu marido, Anderson do Carmo. A série “Flordelis – Em Nome da Mãe”, que já está disponível no catálogo da plataforma de streaming HBO Max, detalha o assassinato de Anderson. A diretora Suemay Oram e o codiretor Maurício Monteiro Filho acompanharam de perto o desenrolar do caso e os impactos da investigação na família do casal de pastores.

Suemay Oram revela que teve acesso há mais de 55 horas de arquivos da família. A diretora acredita que o material cedido por Flordelis mostra o esforço da ex-deputada federal em mostrar seu lado da história. “Foi uma época em que a mídia brasileira não dava voz a ela, era tudo sensacionalista. A nossa produtora executiva entrou em contato com ela e a Flordelis viu que era uma produtora de fora do país (de Londres, na Inglaterra). Por isso, ela se sentiu mais confortável. A gente sempre falou que ia trabalhar de uma maneira ética e com mais tempo. A gente teve oito meses na ilha de edição”, conta.

A série documental relata a ascensão da jovem pobre e a queda de seu império quando Flordelis virou peça central no assassinato de Anderson do Carmo. Em novembro, a ex-deputada federal foi condenada há 50 anos e 28 dias de prisão pela execução do marido. “Essa mulher que veio do Jacarezinho [comunidade na Zona Norte do Rio], acabou adotando crianças, virou cantora gospel e depois deputada federal… Tinha tudo para ser uma história interessante. Quando o Anderson do Carmo foi morto na casa dela, a gente queria saber mais e conseguimos acesso a ela em um momento muito sensível. Filmamos a família durante seis meses. Conseguimos ouvir o outro lado, os advogados e o Misael [filho adotivo que apontou a pastora como mandante do crime]. Muitas vezes só conseguimos acesso a um lado, nesse caso, tivemos todos os lados e conseguimos a história completa”, destaca Suemay.

Reviravolta

As investigações tomaram um novo rumo quando Misael apontou Flordelis como mandante do assassinato de Anderson do Carmo. No primeiro episódio, a pastora ameaça o filho adotivo e mostra desapontamento com a traição que acredita ter sofrido. “São os primeiros três dias. Ela realmente se sentiu traída. É uma quebra de confiança, era o filho dela de 30 anos que foi para a polícia, falou que ela era a mandante, enquanto ela está falando para a gente que não é a mandante”, afirma a diretora.

“A gente tinha acesso ao Misael, o algoz dela no processo. Ele muda bastante a perspectiva do inquérito policial. Ele que cunhou a expressão ‘mentora intelectual’. A gente teve acesso privilegiado aos personagens mais importantes, mesmo eles estando em polos opostos”, destaca o codiretor Maurício Monteiro Filho.

Momento impactante

Em 11 de agosto de 2021, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a cassação do mandato de Flordelis. A queda do foro privilegiado deixou Suemay Oram e Maurício Monteiro Filho em alerta para o momento que a pastora fosse presa. Os dois chegaram a dormir na casa da família, em Niterói, na véspera da prisão.

“Sabíamos que tinha muita coisa em jogo, era o momento mais dramático nessa trajetória do documentário. A gente não podia se dar ao luxo de descansar e não estar ao lado dela. Sabendo do perfil das outras operações policiais, existia a possibilidade de a prisão ser de manhã, na chegada de Brasília para o Rio na volta do impeachment, ou na saída do aeroporto. A gente estava em todas essas instâncias para não correr o risco de não testemunhar esse momento. Ser a mosquinha na parede que viu isso de dentro”, revela Maurício.

Os cuidados de Flordelis com a aparência também chamaram atenção durante a produção da série documental. “Para a equipe envolvida, foi extremamente impactante estar dentro da crise, ver a Flordelis se preparando para ser presa. A polícia já estava lá embaixo e ela arrumando o cabelo porque tinha tirado a lace que usava. Ela tinha medo de que fosse arrancada com violência na cadeia. Todas as filhas em torno dela, preparando como se ela fosse a um casamento, um culto, só que era a entrada dela na prisão. Estávamos lá dentro e as pessoas tinham passado a lidar com a nossa câmera de uma forma honesta. Vivenciamos o momento mais transformador da vida da família.”

Suemay Oram expressa sua visão sobre os instantes antes de Flordelis ser levada pela polícia. “Foi um momento triste, todo mundo gritando. Ela sabia que talvez fosse ser presa por anos, não sabia se ia voltar, abraçava todo mundo. O Maurício filmou o momento em que ela tirou a lace dela. Foi o momento em que ela se olhou no espelho e a gente sabia que ela ia para prisão. Foi um momento que eu nunca vi em documentário. Não sei se muitas pessoas tiveram essa oportunidade de filmar uma pessoa no momento em que ela vai ser presa. Foi muito impactante.”

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