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Política O União Brasil, partido da nova ministra do Turismo, tenta tomar distância da crise provocada pela relação dela e do marido com milicianos no Rio

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Filiada ao União Brasil, Daniela tem sofrido pressão de deputados da sigla para deixar a pasta. (Foto: Assessoria/Divulgação)

O União Brasil, partido da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho, tenta tomar distância da crise provocada pela relação dela e do marido com milicianos no Rio.

Integrantes da cúpula do partido alegam que a escolha de Daniela para o ministério partiu do próprio Lula, que desejava retribuir o apoio que recebeu dela e do marido durante a campanha, e que o seu nome não foi uma escolha da sigla.

A bancada do União na Câmara, da qual Daniela faz parte, diz não se sentir representada. Aliados de Lula, por sua vez, querem acreditar que a ministra pode “cair de madura” a depender do avanço das denúncias. Para o PT do Rio, no entanto, Daniela se tornou peça importante para impulsionar o partido em reduto bolsonarista.

Em nota divulgada em apoio a Daniela, o presidente do União, Luciano Bivar, fala em “escolha acertada do presidente Lula” na nomeação. Membros do partido afirmam que o trecho tenta sublinhar essa distância.

Deputados do União se dizem incomodados com a articulação política do governo Lula. Dizem que só Davi Alcolumbre (União-AP) foi atendido com representantes nos ministérios. E que, ainda assim, na pasta das Comunicações, o ministro Juscelino Filho (União-MA) não recebeu autorização do PT para nomear o presidente dos Correios.

O mal-estar na sigla é tamanho que parte dos deputados diz negociar com o rival PL, de Jair Bolsonaro, uma eventual aliança para assumir o comando da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara contra o PT.

Entenda o caso

O anúncio do nome de Daniela Carneiro para assumir o Ministério do Turismo do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou alvoroço nas redes sociais. Um dos motivos foi a origem da ministra: Belford Roxo, cidade da Baixada Fluminense. O segundo foi o apoio que a deputada federal recebeu durante as eleições de 2022: de famílias de milicianos do Rio de Janeiro.

O primeiro destaque de apoio foi da ex-vereadora Giane Prudêncio, mulher de Juracy Alves Prudêncio, o Jura – condenado e preso por chefiar uma milícia na Baixada Fluminense há pelo menos quatro anos. A ex-vereadora fez campanha para Daniela em 2018 e 2022. Essa ligação foi apontado nas redes sociais como uma demonstração da proximidade da família Waguinho com milícias da região.

Jura cumpre pena de 26 anos de prisão – atualmente, em regime semiaberto – pelos crimes de associação criminosa e homicídio. O miliciano chegou a ser nomeado na prefeitura de Belford Roxo, chefiada pelo marido de Daniela, prefeito Wagner Carneiro (União Brasil), para um cargo comissionado na Secretaria Municipal de Defesa Civil e Ordem Urbana, em agosto de 2017.

Um mensagem de WhatsApp mostrou que Daniela atribuiu a inimigos que desejam “queimá-la” a suspeita de que mantém elo político com um miliciano. “Inimigos querendo me queimar, mas não irão conseguir”, escreveu.

Outros familiares de milicianos indicaram manter relação com o casal Daniela e Waguinho. A irmã e o pai do terceiro-sargento bombeiro Márcio Pagniez, o Marcinho Bombeiro, acusado de integrar uma milícia na Baixada Fluminense, foram nomeados na prefeitura liderada por Waguinho. As nomeações ocorreram em dezembro de 2021 e agosto de 2022; a condenação do ex-militar foi em 2019. Os parentes de Marcinho também apoiaram a campanha da ministra.

O suposto terceiro apoio seria de um atuante direto e ativo da campanha de Daniela: o vereador Fábio Augusto de Oliveira Brasil, o Fabinho Varandão (MDB), réu na Justiça fluminense pela acusação de também comandar uma milícia na Baixada Fluminense.

Tanto Daniela quanto o seu marido Wagner foram alvos de diferentes investigações do Ministério Público nos últimos anos – a lista de supostos irregularidades e crimes inclui nepotismo, abuso de poder político e econômico em disputas eleitorais, organização criminosa, concussão, fraude em licitações, dispensa ilegal de licitações e peculato.

Em conversas reservadas, o presidente Lula avaliou não haver fatos que desabone a ministra, mesmo com os apoios que ela tenha recebido de milicianos durante campanhas.

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