Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de janeiro de 2023
A investigação do Departamento de Justiça sobre papéis confidenciais do governo norte-americano encontrados na casa do presidente Joe Biden pressionam o democrata, em um momento em que a base radical do Partido Republicano ganha força no Congresso. Com isso, o plano de Biden de usar o bom momento da economia para promover seu nome para a reeleição em 2024, por ora, sofre contratempos. A habilidade do presidente de criticar o ex-presidente Donald Trump no caso dos documentos secretos mantidos pelo ex-presidente em seu resort na Flórida também perde força.
Os republicanos do Congresso, que apenas alguns dias atrás estavam exibiam uma discórdia profunda que quase chegou a uma briga no plenário da Câmara, agora estão propondo novas investigações e inquéritos. A primeira delas, analisará a retirada americana do Afeganistão em 2021, quando o Taleban retomou o poder no país.
Outro impacto imediato da investigação das estratégias políticas de Biden diz respeito a seu antagonismo com Trump. A posse de documentos confidenciais de Biden provavelmente o privará da capacidade total de criticar o ex-presidente pela forma como manuseou materiais sensíveis – mesmo que os casos e a abordagem dos dois tenham várias diferenças.
Timing
O foco inesperado nos documentos, que datam da época em que o democrata era vice-presidente de Barack Obama, ocorre em um momento em que Biden e seus assessores estavam entusiasmados com os resultados das eleições de meio de mandato, que foram muito melhores para os democratas do que eles esperavam.
Biden parecia se deliciar com as desavenças internas do Partido Republicano na semana passada, quando foram necessárias 15 votações antes que o deputado Kevin McCarthy fosse eleito presidente da Câmara. E é amplamente esperado que Biden anuncie sua candidatura à reeleição nos próximos meses, à medida que seus índices de aprovação aumentam e a economia está em terreno mais firme.
Traumas
Para os democratas traumatizados pela luta de Hillary Clinton para justificar o manuseio de seus registros em 2016 – com alguns culpando a mídia por dar uma influência descomunal à história – o furor de agora forneceu uma dica desconfortável do que pode estar por vir, enquanto ameaça turvar as críticas dos democratas a Trump por ter levado grande quantidade de documentos confidenciais para sua casa em Mar-a-Lago.
“Não acho que Biden tenha preocupações legais aqui, nem preocupações políticas”, disse Brian Fallon, ex-assessor de Bill Clinton que trabalhou no Departamento de Justiça. “O principal benefício (para os republicanos) é que Trump está dando um suspiro de alívio, pois o caso torna mais difícil para (o procurador-geral) Merrick Garland autorizar um processo contra o republicano, mesmo que seja merecido.”
Os assessores de Biden fizeram um grande esforço para apontar como seu comportamento era diferente do de Trump. O ex-presidente aparentemente sabia o que estava pegando e rejeitou devolver os papéis, enquanto Biden diz que nem percebeu que tinha documentos confidenciais e os entregou assim que foram descobertos.
“Bem, acho que muito vai para a intenção. Isso foi algo não intencional ou intencional?”, disse o deputado Bennie G. Thompson. Mas a Casa Branca fez pouco para explicar como os documentos foram parar no escritório do centro de estudos e na casa de Biden. Na quinta-feira (12), a secretária de imprensa Karine Jean-Pierre rejeitou repetidamente perguntas sobre os documentos, citando a investigação em andamento e dizendo que o governo está “tentando fazer isso de acordo com as regras”.