Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de janeiro de 2023
A eleição à presidência do Senado Federal no começo da nova legislatura, em fevereiro, virou uma questão de honra para os senadores bolsonaristas que tentam mostrar que estão fortes como oposição ao novo governo de Lula. No entanto, os atos extremistas de 8 de janeiro atrapalharam os planos da nova oposição que começará a atuar na Casa. A candidatura que teria mais força contra a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) seria a do senador eleito e ex-ministro de Bolsonaro Rogério Marinho (PL-RN).
Porém, conversas de bastidores mostram que nem o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, estaria com disposição de ir até o fim, caso Marinho não demonstre competitividade na corrida. Levantamentos apontam que o candidato teria entre 20 e 25 votos. Nos bastidores, Marinho diz que está aberto a conversas com todos os partidos, menos o PT. Senadores a par das negociações afirmam que estão “avançando bastante nas contas de voto e nessa articulação”.
Dentre os seis senadores do PP, a expectativa das lideranças da própria sigla é de que todos sigam a orientação partidária e votem em Marinho. Pode haver, no entanto, defecções, já que o voto na eleição da presidência do Senado é secreto. Um dos principais responsáveis pela articulação do PP é o ex-ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PI), ele próprio senador, líder da bancada do PP no Senado e presidente nacional da sigla.
Com essa perspectiva, a ideia dos bolsonaristas é embolar a eleição e tentar garantir um segundo turno. Para isso, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que não possui a garantia integral dos votos nem de sua própria bancada, estuda lançar uma candidatura avulsa. Com pautas como a defesa da liberdade de expressão e o impeachment de ministros do STF, a oposição tem se esforçado para que os eleitores pressionem os seus senadores para que não votem em Pacheco.
Pacheco
O atual presidente do Senado sai em vantagem na disputa. Ele conta com o apoio do governo Lula e de bancadas numerosas, como o PSD (que terá 13 senadores), o MDB (que terá dez) e o PT (que terá nove). Apesar de o PP tender a apoiar um adversário de Lula no Senado, o partido conta com o filiado e presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), cada vez mais próximo do presidente da República. Lira, inclusive, conta com o apoio do PT e do PL ao mesmo tempo na Câmara.
O grupo de Pacheco trabalha para que integrantes dos partidos aliados a Marinho fiquem ao seu lado. Também avaliam que Girão pode tirar votos de Marinho, se seguir na disputa, o que enxergam como benéfico a Pacheco por potencialmente dividir os opositores ao atual presidente do Senado.