Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de janeiro de 2023
Pouco mais de uma semana depois da divulgação de inconsistências contábeis bilionárias no seu balanço, as Lojas Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, já aceito pela Justiça.
Será o quarto maior processo de recuperação judicial da história do País, com um valor estimado em R$ 43 bilhões em dívidas.
Além do impacto para acionistas – muitos dos quais, pessoas físicas – e credores, a recuperação judicial das Americanas deve ter grandes consequências sociais e econômicas, considerando os seus milhares de colaboradores e fornecedores, sem falar nos consumidores.
Em meio a esse verdadeiro terremoto no varejo e no mercado de capitais brasileiro, chamou a atenção o silêncio dos principais sócios da companhia – que eram os controladores até meados de 2021. Os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência da Americanas, se manifestaram pela primeira vez neste domingo (22) desde que o escândalo contábil da varejista se tornou público.
Inicialmente, o trio sinalizou a possibilidade de fazer um aporte de R$ 6 bilhões na varejista, o que já foi considerado insuficiente por boa parte do mercado. E, depois disso, nada mais veio a público.
Primeira incursão dos empresários na “economia real”, a Americanas agora corre o risco de falir, prejudicando colaboradores, credores, fornecedores e acionistas minoritários.
Lemann, Telles e Sicupira não ficarão pobres por conta do escândalo, embora já tenham perdido mais de US$ 1 bilhão com a derrocada das ações da varejista. Mas dado o motivo da quebra da empresa – uma possível fraude contábil – e o histórico dos investimentos do grupo, a biografia dos admirados bilionários deve sair bastante arranhada.
“Jamais tivemos conhecimento”
Os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência da Americanas, se manifestaram pela primeira vez neste domingo (22) desde que o escândalo contábil da varejista se tornou público.
Os empresários afirmaram que jamais tiveram conhecimento do rombo e que nunca admitiriam quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia.
“Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país”, diz trecho da nota assinada pelos três acionistas.
No comunicado, o trio citou a PwC, responsável pela auditoria da varejista, e afirmou que nem instituições financeiras nem a empresa “denunciaram qualquer irregularidade”.
“Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto.”
Eles também afirmaram que o comitê independente da companhia “terá todas as condições de apurar os fatos” e de avaliar a “eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras”.
“Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores”, finaliza o comunicado.