Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de janeiro de 2023
Escolhas para o primeiro e segundo escalões dos ministérios do governo Lula acentuaram divisões entre alas do PT e também se tornaram combustível para rachas em partidos aliados. Lideranças petistas em Estados como Rio, Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul disputam espaços visando ainda a preferência em cargos na Mesa Diretora da Câmara e em candidaturas às eleições municipais de 2024.
Em Minas, dirigentes ligados ao deputado petista Reginaldo Lopes externaram insatisfação com a divisão dos ministérios, contrapondo a ausência de mineiros no primeiro escalão com a presença de três paulistas: Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). Esta última vaga havia sido encaminhada a Lopes, que acabou rifado sob o argumento de que era necessário contemplar correntes minoritárias do PT — Teixeira é um dos poucos nomes no Ministério que não faz parte da ala majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB).
Lopes, que foi aliado próximo do ex-governador petista Fernando Pimentel, de quem se afastou, tem resistências também entre os “petistas históricos” de Minas, que ganharam espaço no segundo escalão, como o deputado estadual André Quintão, nomeado secretário de Assistência Social, e o ex-deputado Nilmário Miranda, assessor especial na pasta dos Direitos Humanos.
“As lideranças do nosso partido precisam entender a importância de gerar convergência, para fortalecer nossa capacidade de ocupar espaços. O PT de Minas sempre teve mais de um nome no primeiro escalão, e agora não tem nenhum. Isso causou frustração”, disse o presidente do diretório mineiro do PT, Cristiano Silveira, aliado de Lopes.
Já no PT fluminense, que viu André Ceciliano ser emplacado como secretário de Assuntos Federativos, órgão vinculado à pasta de Relações Institucionais, as movimentações ocorrem de olho também em 2024. O deputado eleito Lindbergh Farias (RJ), próximo a correntes minoritárias do partido, se articula para concorrer à prefeitura de Nova Iguaçu, município na Baixada Fluminense que governou de 2005 a 2010.
Aliados de Ceciliano, por outro lado, têm incentivado que ele concorra, dentro de um acordo por apoios mútuos envolvendo o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD) — a quem Lindbergh fazia oposição como vereador da capital. A interlocutores, Ceciliano nega ter a intenção de um embate com Lindbergh. Ambos posaram juntos, no início do mês, na posse da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União-RJ).
Lindbergh também se articula para assumir a Secretaria-Geral do PT a partir de 2023, no lugar de Paulo Teixeira. O estatuto do PT proíbe que ministros permaneçam na Executiva do partido.
Na Câmara, correntes minoritárias do PT buscam vaga na Mesa Diretora. A deputada Maria do Rosário (PT-RS), que tem boa relação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cuja reeleição deve ser apoiada pelo PT, é a mais cotada para ser endossada pelo partido à Mesa. Seu correligionário Dionilso Marcon (RS), ligado a outra tendência, e Carlos Zarattini (SP) correm por fora.
Racha no Maranhão
A escolha de Lula pelo deputado Juscelino Filho (União-MA) no Ministério das Comunicações, para contemplar o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e fazer um aceno a Lira, seu aliado, incomodou a cúpula do União Brasil e ampliou um racha no Maranhão. Juscelino disputa o comando do diretório local do partido com o também deputado Pedro Lucas Fernandes, que é próximo ao presidente do União Brasil, Luciano Bivar.
A opção pode gerar outros efeitos colaterais. Pedro Lucas não compareceu à declaração de apoio da bancada do Maranhão à reeleição de Lira, que posou ao lado de Juscelino.