Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Juliano Fante | 28 de janeiro de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A recessão econômica, ou queda da atividade, está no radar de diversos países no ano de 2023, mas, analisando com um prazo mais dilatado, é importante entendermos o que explica o crescimento dos países. Existem algumas variáveis que determinam a expansão econômica dos países no longo prazo, como investimentos em capital, crescimento da população e produtividade. No Brasil tivemos o que é conhecido como bônus demográfico, ou seja, quando a população economicamente ativa cresce numa taxa mais acelerada do que a população em geral, criando um impacto positivo no crescimento econômico, fenômeno também observado na China nos últimos anos. Entretanto, olhando para o futuro, a expectativa não é tão boa, dado que se espera um arrefecimento no crescimento da população e consequente fim do bônus demográfico.
Assim, a única alternativa que sobra para crescermos de forma sustentável nos próximos anos é a busca pelo aumento da produtividade. Segundo série histórica feita por pesquisadores da FGV, a produtividade brasileira cresceu 0,4% ao ano de 1981 até 2019. No ranking do Our World in Data, da Universidade de Oxford, que mede o PIB por hora de trabalho, o Brasil ocupava a quinquagésima posição, atrás de países como Uruguai, Chile e Argentina.
Mas, afinal, qual seria o caminho para sermos um país mais produtivo? De forma geral, o Brasil precisa ser mais “pró-negócio”. A reforma trabalhista de 2017 é um exemplo de iniciativa que ajuda a melhorar o ambiente econômico no país, simplificando relações entre empresas e funcionários e flexibilizando os termos desse vínculo, aumentando a formalização do trabalho com menor burocratização. O sistema tributário é outro campo que precisa ser redesenhado. Além de complexo, quebra a lógica econômica por meio do fornecimento de incentivos que, por vezes, passam a ser o pilar de sustentação de projetos antes economicamente inviáveis, e que, de forma geral reduzem a produtividade nacional. Além dos dois exemplos acima, outro fator imprescindível para maior produtividade num prazo mais longo é a melhora da educação em todos os níveis, e, para isso, não é necessário que o governo invista mais, mas sim que invista melhor, assim como em outras diversas áreas.
Portanto, o caminho do crescimento sustentável do Brasil passa, invariavelmente, por reformas estruturais que simplifiquem e reduzam o papel do governo na economia, e esse deve ser o rumo perseguido pelas autoridades econômicas. Afinal, como falou Paul Krugman, Nobel de Economia em 2008: “Produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo. A capacidade de um país elevar a qualidade de vida ao longo do tempo depende quase inteiramente da sua capacidade de aumentar a sua produção por trabalhador”.
Juliano Fante, Controller na Fante Bebidas e Associado do IEE
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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