Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 30 de janeiro de 2023
Entre as principais empresas de tecnologia, a Amazon, o Facebook e, principalmente, o Google lideraram nos últimos anos pesquisas em inteligência artificial (IA) — isso sem contar os projetos da Bytedance (dona do TikTok), Spotify, Twitter e outras companhias menos conhecidas. Agora, porém, a disputa deve ganhar um rearranjo de forças com a retomada do protagonismo tecnológico de uma velha conhecida das massas: a Microsoft.
Não é que a empresa fundada por Bill Gates tenha ficado parada no segmento. Ao longo dos anos, a divisão de pesquisas da companhia desenvolveu de robôs de conversas (chatbots) a assistentes digitais, passando por soluções para alguns de seus produtos mais conhecidos, como Word e Excel. Mesmo assim, a Microsoft teve poucos resultados importantes e viu a distância entre alguns de seus principais rivais aumentarem durante a última década.
Foi um movimento feito em 2019 por Satya Nadella que parece ter alterado o cenário de IA nos dias atuais. Naquele ano, o CEO da Microsoft decidiu realizar um investimento de US$ 1 bilhão na americana OpenAI. Na época, o laboratório de pesquisas em IA, fundado em 2015, era apenas mais um nome tentando desenvolver algoritmos em ritmo de pesquisa básica — ou seja, sem aplicações práticas no horizonte.
Quatro anos depois, a OpenAI, já com uma visão comercial de seus projetos, tornou-se o nome mais empolgante do mundo da tecnologia. A companhia está por trás do ChatGPT, um chatbot capaz de gerar textos altamente sofisticados a partir de simples comandos escritos por um humano. De discursos de casamento a listas organizadoras, a capacidade do serviço colocou todo o segmento de IA em outro patamar – lançado em 30 de novembro, o robô atingiu em poucos dias 1 milhão de usuários.
O lançamento do ChatGPT não foi o único avanço da OpenAI em 2022. Em abril, a companhia tornou público o DALL-E 2, uma IA capaz de gerar imagens impressionantes a partir também de simples comandos de texto, o que inspirou o surgimento de outros modelos de IA do tipo, como o Midjourney e o Stable Diffusion. Antes disso, a OpenAI havia divulgado o GPT-3, um modelo capaz de gerar texto treinado com milhões de dados, que vão de artigos no Wikipédia a posts em redes sociais – ao final, o sistema tinha registrado 175 bilhões de parâmetros (representações matemáticas de padrões e tipos de texto). O ChatGPT usa o GPT-3 como “cérebro”.
Todo esse trabalho colocou a OpenAI na vanguarda de um segmento chamado “inteligência artificial generativa”, que significa que a IA não apenas consome dados e aponta tendências, como era feito até aqui. Os sistemas agora são também capazes de gerar conteúdo inédito, uma tendência que deve ganhar força a partir de agora. É a partir das IAs generativas da OpenAI que a Microsoft pretende encaminhar seus negócios.
Parceria
Há uma semana, a Microsoft confirmou um novo investimento na OpenAI – embora o valor não tenha sido confirmado, a imprensa americana fala que serão desembolsados US$ 10 bilhões nos próximos anos. Com a popularidade do ChatGPT, a OpenAI passou a ser assediada por investidores, e analistas de mercado apontaram que isso poderia fazer a companhia ser avaliada em US$ 29 bilhões, tornando-a uma das startups mais valiosas dos EUA.
Porém, a Microsoft tem mais a oferecer do que dinheiro. No anúncio oficial da parceria, as empresas revelaram que a dona do Windows vai construir os supercomputadores e oferecer a infraestrutura de nuvem para que a OpenAI possa desenvolver seus modelos inteligentes. Em troca, a Microsoft poderá implementar as IAs da startup em seus produtos, como Teams e o Office.
“Na corrida da inteligência artificial, Nadella e companhia estão na frente das outras gigantes da tecnologia. Esse investimento é um grande movimento nesta disputa. O ChatGPT pode mudar o jogo para a Microsoft”, escreveu em nota a investidores o analista Dan Ives, da consultoria Wedbush.