Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de janeiro de 2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nessa segunda-feira (30) que a Rússia cometeu um “erro crasso” ao invadir a Ucrânia. Mas ponderou apontando que “quando um não quer, dois não brigam”.
A invasão russa no território ucraniano foi iniciada em fevereiro de 2022 e já deixou milhares de mortos.
“Acho que a Rússia cometeu um erro crasso de invadir o território de outro país. Mas acho que quando um não quer, dois não brigam. Precisamos encontrar a paz”, disse Lula. A afirmação foi dada após reunião do presidente com o chanceler alemão, Olaf Scholz, no Palácio do Planalto, em Brasília.
No domingo (29), Scholz declarou em uma entrevista a um veículo alemão que não enviaria aviões de combate à Ucrânia.
“A única coisa que eu sei é que se eu puder ajudar, vou ajudar. Mas se for preciso conversar com o [Volodymyr] Zelensky, com o [Vladimir] Putin, eu faço”, completou Lula.
O petista também comentou que o Brasil não tem interesse em enviar armamento para a Alemanha. O presidente afirmou que não quer que munições sejam encaminhadas para o conflito.
“O Brasil não tem interesse em passar as munições, para que elas sejam utilizadas na guerras entre Rússia e Ucrânia. O Brasil é um país de paz. Portanto, o Brasil não quer ter qualquer participação, mesmo que indireta”.
Críticas à ONU
Ao responder jornalistas depois do encontro com o chanceler alemão, Lula criticou a configuração atual da Organização das Nações Unidas (ONU), órgão criado para pacificar o mundo pós-Segunda Guerra Mundial.
“Ela [ONU] não representa mais a realidade geopolítica. Queremos que o Conselho de Segurança da ONU tenha força, tenha mais representatividade e que possa falar mais uma linguagem que o mundo está precisando. Quando a ONU estiver forte, a gente vai evitar, certamente, possíveis guerras que acontecem. Porque hoje as guerras acontecem por falta de negociação, por falta de alguém, de um conjunto de países que interfira nisso”, criticou Lula.
Entrevista à “Time”
Em maio do ano passado quando ainda era pré-candidato à presidência da República, Lula foi entrevistado pela revista norte-americana “Time” e já havia dito que a invasão era um erro.
Na ocasião, ele apontou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, era tão responsável quanto o presidente russo, Vladimir Putin, pelo conflito.
“Às vezes, fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado. O Saddam Hussein era tão culpado quanto o Bush. Porque o Saddam Hussein poderia ter dito: ‘Pode vir aqui visitar e eu vou provar que eu não tenho armas’.”
“Ele [Zelensky] quis a guerra. Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver. É preciso estimular um acordo”, argumentou Lula.