Sábado, 16 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de fevereiro de 2023
Uma província do Canadá descriminalizou, na terça-feira (31), a posse de pequenas quantidades de cocaína, heroína, fentanil e outras drogas pesadas. A descriminalização é um projeto piloto com duração inicial de três anos. Nesse período, adultos encontrados com até 2,5 gramas dessas drogas para uso pessoal, em vez de serem presos, ou multados, receberão informações sobre como acessar os programas de tratamento de dependência.
A província em questão é a Colúmbia Britânica, com 5 milhões de habitantes. Essa é a primeira província canadense a experimentar esta medida, aplicada até agora apenas no estado do Oregon, nos Estados Unidos, e em Portugal.
A polícia nem mesmo aprenderá suas drogas. Porém, os vendedores e traficantes de drogas continuarão enfrentando processos penais.
A nova política é considerada uma mudança drástica para combater a crise dos opioides, que já mataram milhares de canadenses.
“A situação nunca foi mais urgente”, afirmou a ministra de Saúde Mental e Dependências do Canadá, Carolyn Bennett, em uma coletiva de imprensa um dia antes de a norma entrar em vigor. Em maio, ela sugeriu que a medida poderia ser ampliada a outras províncias canadenses.
“Os efeitos desta crise de saúde pública têm devastado comunidades na Colúmbia Britânica e em todo o Canadá”, acrescentou.
Epicentro desta crise no Canadá, a Colúmbia Britânica registrou mais de 10 mil mortes por overdose desde que declarou estado de emergência de saúde em 2016. Isso significa que seis pessoas morrem por dia. Nacionalmente o número de mortes supera 30 mil.
Durante a primeira onda da pandemia de covid-19, em maio de 2020, o número de óbitos por overdose na Colúmbia Britânica ultrapassou o número de mortes por coronavírus.
A mudança de política busca eliminar o estigma associado ao consumo de drogas que impede que usuários busquem ajuda e a fomentar a noção de que a dependência é um problema de saúde.
A vergonha em torno do consumo de drogas “faz com que as pessoas escondam sua dependência”, afirmou Bonnie Henry, funcionária de saúde pública de Colúmbia Britânica. Segundo ela, isso significa que muita gente morre sozinha.
Kathryn Botchford, cujo esposo Jason morreu de overdose em 2019, espera que a mudança contribua para que as pessoas busquem ajuda.
“Quando descobri como ele morreu, pensei que fosse um erro. Jason não usa drogas. Temos três filhos pequenos e ele conhece os riscos, mas me equivoquei. Ele morreu consumindo uma substância ilegal”, disse ela.
Scott MacDonald, médico de uma clínica em Vancouver, a primeira na América do Norte a fornecer heroína controlada a seus pacientes, acredita que a nova política fará com que as pessoas procurem mais os serviços de saúde “que frequentemente necessitam”.
O fato de a polícia não apreender suas drogas também reduzirá seu estresse, disse ele. As informações são da agência de notícias AFP.