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Política Policiais disseram ter estranhado a mudança do horário – das 8h para as 15h – da concentração e saída de agentes que iriam trabalhar na segurança da Esplanada dos Ministérios no dia 8 de janeiro

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STF já condenou seis réus e inicia julgamento de outros 14. (Foto: Divulgação/MJSP)

O coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (1º CPR) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), mudou, na noite anterior aos ataques do 8 de janeiro, o horário de concentração e saída de policiais que iriam trabalhar na segurança da Esplanada dos Ministérios.

A mudança feita na véspera da manifestação criminosa que atacou e destruiu prédios dos três Poderes causou estranheza em alguns policiais e, segundo eles, não é comum esse tipo de alteração de última hora.

Policiais relataram que entre quinta (5) e sexta-feira (6) daquela semana receberam uma “convocação voluntária” para trabalhar no final de semana — procedimento comum nesses casos. Após isso, o efetivo disponível para o dia do ato foi informado que começaria a trabalhar no domingo (8), às 8h.

Porém, na noite de sábado (7), véspera do ato, o grupo foi avisado que o horário de chegada na Esplanada dos Ministérios havia sido alterado para às 15h. A mudança era uma determinação do coronel Casimiro, então comandante de seis batalhões que cuidam da segurança da região central de Brasília, incluindo o local onde ficam os prédios que foram atacados.

Segundo relatos, um oficial que comandava um dos grupos de policiais tentou argumentar sobre a alteração repentina de horário, mas não houve negociação. A mudança gerou atraso na chegada dos agentes de segurança, o que impactou toda a operação. Um dos batalhões que estava escalado para o dia só chegou à Esplanada quando os vândalos já haviam invadido o prédio do Congresso Nacional e começavam a invadir o Palácio do Planalto.

Marcelo Casimiro Rodrigues é citado pelo ex-comandante da PM, Fábio Augusto Vieira (exonerado e preso dois dias após os atos) em sua audiência de custódia como “o policial que iria comandar toda a operação no dia”. Fábio Augusto narrou ainda que perguntou ao coronel Casimiro se a quantidade de policiais era suficiente e ele teria respondido que “utilizando as unidades especializadas, o efetivo era suficiente”.

O ex-comandante da PM também afirma ter ouvido de Casimiro e do Major Flávio Silvestre de Alencar, que comandava interinamente o 6º Batalhão, conhecido como “Batalhão da Esplanada”, que 440 homens estariam na operação. O então chefe da PM diz que sugeriu um aumento nesse quantitativo, mas conforme informações do jornal O Tempo, o 6º Batalhão deslocou apenas 14 policiais para a Praça dos Três Poderes. O grupo ficou no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi o mais destruído.

No relatório do interventor federal, Ricardo Capelli, que foi entregue na última semana ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, o nome do coronel Casimiro aparece uma vez, na lista de oficiais que estavam diretamente ligados à operação desencadeada no dia 8 de janeiro e que foram exonerados.

Além da mudança repentina de horário da operação, outra questão que causou estranheza aos policiais militares foi o fato que, das seis unidades policiais militares subordinadas ao coronel Casimiro, cinco delas estavam sem seus comandantes, que encontravam-se de férias no dia 8.

O 1º Comando de Policiamento Regional (CPR) foi criado por meio do decreto 41.167/2020, que dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Distrito Federal. O CPR possui seis unidades policiais militares: 1º Batalhão de Polícia Militar (1º BPM); 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM); 5º Batalhão de Polícia (5º BPM); 6º Batalhão de Polícia Militar (6º BPM); 7º Batalhão de Polícia Militar (7º BPM); e o 24º Batalhão de Polícia Militar (24º BPM).

Desde o final do ano passado, com os diversos episódios de ameaça de ataque à bomba, concentrados principalmente na região central da capital federal, onde os batalhões comandados pelo coronel Casimiro trabalhavam, a PMDF havia decidido suspender as férias de policiais até o dia 9 de janeiro de 2023. No entanto, o que se observou foi que, mesmo com a ampla divulgação da convocação de atos violentos em Brasília, a decisão de suspensão de férias não teve validade para os comandantes.

Um ofício do Departamento de Operações da PMDF, já anexado ao inquérito que investiga a conduta das autoridades do Distrito Federal nos ataques do dia 8, mostra que a maioria dos oficiais que comandavam os batalhões subordinados ao coronel Casimiro estavam afastados de suas funções naquele momento por motivo de férias. São eles:

  • Tenente-Coronel Nafêz Imamy Sinício Abud Cury, do 3º BPM;
  • Major Rafael Delatorres G. de Carvalho, do 5º BPM;
  • Tenente-Coronel Kelly de Freitas Souza Cezário, do 6º BPM;
  • Major Cláudia Oliveira dos Santos, do 7º BPM; e
  • Major Daniela Teixeira Schermerhorn, do 24º BPM.

Destes, quatro oficiais saíram de férias entre os dias 26 e 31 de dezembro, na véspera da posse presidencial, evento que impôs um esquema de segurança reforçado. Uma outra oficial saiu de férias no dia 3 de janeiro, quando caravanas de manifestantes radicais já se deslocavam em direção à Brasília, fato que era de conhecimento público.

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