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Mundo Observação de anel estelar que não poderia existir perto de Netuno desafia as leis da Física

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Estudo publicado na revista Nature desafia, pela primeira vez, o “limite de Roche”, graças a pequeno astro localizado depois de Netuno

Foto: James Webb/Divulgação
Estudo publicado na revista Nature desafia, pela primeira vez, o “limite de Roche”, graças a pequeno astro localizado depois de Netuno. (Foto: James Webb/Divulgação)

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram em torno de um pequeno astro do Sistema Solar um anel que, simplesmente, não poderia existir. Pelo menos não de acordo com as leis da Física vigentes. Por isso, o estudo publicado na revista Nature desafia, pela primeira vez, o “limite de Roche”, teoria do século 19 que é aceita internacionalmente.

A descoberta contou com os brasileiros Bruno Morgado, Rafael Sfair e Felipe Ribas, respectivamente da UFRJ, Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Quaoar

Localizado no Cinturão de Kuiper, uma região do espaço depois de Netuno e a mais de 40 unidades astronômicas da Terra (sendo que uma UA é a distância média entre a Terra e o Sol), Quaoar tem aproximadamente 1.100 km de diâmetro, parece ser rochoso e coberto por uma camada de gelo, e tem uma lua ao seu redor chamada Weywot, orbitando-o a cerca de 14.500 km.

O Quaoar vinha sendo observado por especialistas do Observatório do Valongo em busca de pistas sobre as origens do Sistema Solar. Para surpresa de todos, eles identificaram que o pequenino astro tem um anel – o que, por si só, já é considerado raro. Até hoje foram descobertos anéis em apenas três astros de pequenas proporções.

Mas ainda mais extraordinário do que a própria presença do anel é que ele se revelou “impossível”, de acordo com os conceitos astronômicos vigentes. Segundo a definição usada hoje na Astronomia, anéis são estruturas não sólidas que reúnem asteroides, poeira e outras partículas em torno de um astro maior.

Até 2013, os pesquisadores só conheciam anéis circundando planetas gigantes, como Saturno e Júpiter. Depois disso, no entanto, astrônomos detectaram anéis no planeta anão Haumea e no centauro Chariklo, abrindo precedentes para novos estudos sobre o tema. No caso do Quaoar, o maior enigma está relacionado às dimensões do anel.

Lei da Física

Segundo ficou definido pelo astrônomo francês Edouard Roche (1820-1883), para que tais partículas mantenham o formato de um anel elas precisam estar a uma distância máxima de 1.750 quilômetros do astro que elas circundam.

Para além desse limite, estabeleceu Roche, as partículas começariam a se aglutinar e acabariam por formar um satélite. Conhecido como “limite de Roche”, esse princípio nunca tinha sido desafiado.

O anel de Quaoar está localizado a 4.100 quilômetros de seu corpo central. “Pela primeira vez, estamos vendo um anel além do limite de Roche”, diz o astrônomo Bruno Morgado, do Observatório do Valongo, principal autor do estudo.

Trabalho nacional Estudo foi publicado por pesquisadores da Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na revista ‘Nature’

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