Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 19 de fevereiro de 2023
A Força Aérea Brasileira (FAB) entregou 62 cestas básicas ao Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), em Boa Vista, para garantir o melhor atendimento e bem-estar das crianças Yanomami que estão internadas na unidade.
A ação foi realizada pelo Comando Operacional Conjunto Amazônia (Cmdo Op Cj Amz), com o apoio do Primeiro Batalhão Logístico de Selva e faz parte das operações em apoio aos indígenas da Terra Yanomami.
Segundo a FAB, as crianças têm uma alimentação adaptada, sendo a maior parte do cardápio preparada de acordo com os costumes indígenas.
A diretora-geral do Hospital, Francinete Rodrigues, ressaltou a importância desse olhar diferenciado aos indígenas e a adaptação da alimentação das crianças.
“A alimentação para os indígenas é diferenciada, então esses alimentos que estamos recebendo hoje é muito bem-vindo. São alimentos que eles costumam consumir diariamente e que faz parte da dieta deles, a maior parte de indígenas hoje no Hospital Santo Antonio são crianças desnutridas, então veio no momento certo”, disse ela.
Território
Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami enfrenta uma das piores crises sanitárias da história em três décadas de demarcação. Devido ao avanço do garimpo ilegal na região, crianças e adultos enfrentam casos severos de desnutrição e malária.
Desde o dia 16 de janeiro, equipes do Ministério da Saúde e Força Aérea fazem o resgate de crianças nas comunidades e mandam para Boa Vista os casos que precisam de internação. Nos quadros mais graves, as crianças são internadas na única unidade de atendimento infantil.
O Hospital da Criança conta com uma ala especial dedicada a atender as crianças indígenas. A estrutura tem capacidade de acolher até 28 pacientes, lugar para redário e banheiros adaptados aos costumes.
O atendimento médico é realizado com atenção especial às suas particularidades culturais e necessidades de saúde específicas. Uma parte da equipe médica que atua na unidade já trabalhou nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei), que receberam treinamento para lidar com as especificidades da cultura e saúde indígenas.
Crise humanitária
A Terra Yanomami tem mais de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Amazonas e Roraima, onde fica a sua maior parte. São cerca de 30 mil indígenas vivendo na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.
A presença do garimpo, principalmente nos últimos quatro anos, na gestão de Jair Bolsonaro, provocou a disseminação de doenças, levando a um cenário de crise humanitária.
Em janeiro deste ano, o presidente Lula esteve em Roraima para acompanhar a crise sanitária dos Yanomami. Na ocasião, ele prometeu pôr fim ao garimpo ilegal na Terra Yanomami. Ele classificou a situação dos indígenas doentes como desumana.
A região está em emergência de saúde desde 20 de janeiro e, inicialmente, por 90 dias, conforme decisão do governo Lula. Órgãos federais auxiliam no atendimento aos indígenas.
As ações de desintrusão — expulsão dos garimpeiros do território — são coordenadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Com o início das ações de repressão contra a atividade ilegal, como o controle do espaço aéreo, garimpeiros tentam deixar a região.