Terça-feira, 19 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de março de 2023
Zico chegou aos 70 anos nesta sexta-feira (3) sem esconder o sorriso e se dizendo “bem vivido e bem realizado”. O maior ídolo do Flamengo ainda joga e pensa, bastante, sobre futebol. Recentemente, não hesitou em criticar a preparação rubro-negra para o Mundial de Clubes.
Em conversa com o jornal O Globo, ele falou sobre comparações entre a geração atual do Flamengo e a sua, craques como Messi e Neymar e disse que prefere Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira.
Futebol atual
“Não se vê uma coisa diferente, surgir uma coisa que te encante. (Torcedor) Não vai a campo hoje para ver A ou B. A gente sempre cansou de ouvir vários torcedores que iam para ver um belo futebol. Qualquer situação eu ia sair para ver o Pelé jogar com o Santos, o Palmeiras do Ademir da Guia. Roberto e Rivellino em Vasco e Fluminense. Hoje a maioria das pessoas não saem de casa para ver ‘fulano’ jogar.”
Avanços no futebol
“Quem ganha é sempre a arte no final. Nesse ponto, a meu ver não mudou muito. Mudaram conceitos táticos. Principalmente entregar o ouro ao sair jogando. A importância é fazer gol, não levar. Lógico que há uma diferença grande, brutal. Quem gosta de futebol tem que seguir junto com isso.”
Zico x outros jogadores
“Acho Messi e Maradona mais habilidosos, Neymar também. Eficiência é diferente da habilidade. Ronaldinho Gaúcho. Esses são mágicos. Tirar a bola deles é complicado. Agora, na arrancada para o gol eu deixava muita gente preocupada. Eu passava bem, dominava bem, chutava bem, reunia as qualidades importantes.”
Perdas de Pelé e Dinamite
“Foi um baque muito grande, de repente. Para mim, muito mais com o Roberto (Dinamite). Acompanhei de perto o que aconteceu, em contato com familiares. A gente vê o que é isso. Pelé é diferente, grande representante da nossa classe, por tudo que ele fez pelo país.”
Saudosismo
“Hoje tem muito mais mídia, divulgação, na nossa época era só no rádio. Tinha televisão, mas peguei jogos que não eram transmitidos. Tinha que esperar um tempo pra ver a seleção, o Santos, o Pelé. Hoje o campeonato de qualquer lugar passa aqui. Quem não vivenciou isso tem que entender esse novo momento.”
Flamengo de Zico e o atual
“Não pode comparar, são momentos diferentes. Ficam comparando gerações. A nossa não tinha CT, campo bom, infraestrutura. Fomos campeões do mundo, da Libertadores, sem campo para treinar na Gávea porque deu praga no campo. A bola era diferente, uniforme. Tudo.”
Flamengo que encantou
“O Flamengo do Jorge Jesus encantava nesse sentido porque não corria risco, só quando estava atacando. Aproximava as linhas defensivas. O time jogava compacto. Time do Real Madrid joga dessa maneira. Não se vê os caras facilitando, se precisar dá um bico.”
Tite era retranqueiro?
“Não é questão de ser retranqueiro, tem adversário do outro lado que pode ser superior, tem que ter estratégia para enfrentar o adversário para ganhar.”
Estrangeiro na seleção
“Tem que ser o incontestável. Meritocracia. Pode vir de baixo, ganhar em baixo, ganhar torneios internacionais. Não pode sair de jogador e de repente é o treinador da seleção. Teve experiência, ganhou? Libertadores, Mundial… Acho puta sacanagem o Muricy (Ramalho) não ter sido técnico da seleção. O que valeu o esforço dele? Tem que ser deputado, prefeito, governador. Quando chega lá em cima, o que vier dificilmente chega algo que não viveu. (Carlo) Ancelotti (técnico do Real Madrid) é o meu número 1. Adoro. Foi campeão com brasileiros, considero o número 1. No Brasil vejo Cuca, Renato (Gaúcho), são caras que ganharam tudo. Dorival (Júnior) também.” As informações são do jornal O Globo.