Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de março de 2023
Desde a chegada da covid-19, a gripe, infecção causada pelo vírus influenza, ficou um pouco de lado. Mas a verdade é que a doença pode ser extremamente prejudicial, em especial para grupos de risco como idosos, gestantes e crianças de seis meses a 5 anos de idade. Por isso, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza gratuitamente, todo ano, um imunizante trivalente (que protege contra três cepas) para determinadas populações. Agora, chega ao país uma versão da vacina específica para idosos, que oferece mais proteção do que o imunizante tradicional.
Trata-se da Efluelda, vacina quadrivalente (protege contra quatro cepas do vírus, sendo duas do Influenza B e duas do Influeza A) de alta dose, desenvolvida pela Sanofi. Para fator de comparação, a vacina contra gripe oferecida pelo SUS é trivalente e protege contra duas cepas do influenza A e uma do influenza B.
O novo imunizante é chamado de “alta dose”, pois apresenta quatro vezes mais antígeno. A médica Sheila Homsani, diretora médica de vacinas da Sanofi, explica que essa característica é importante para os idosos porque eles têm um sistema imunológico mais deficiente e precisam de mais estímulo para produzir anticorpos contra a doença.
“Essa vacina protege contra as mesmas cepas de outras vacinas já disponíveis no sistema privado, mas tem o diferencial de gerar maior estímulo ao sistema imunológico”, diz Homsani.
Além disso, eles também são o grupo mais suscetível a complicações da doença. Idosos com mais de 65 anos representam 9 em 10 óbitos relacionadas à influenza e 63% das hospitalizações relacionadas à infecção.
Em comparação com o imunizante tradicional, a nova vacina foi capaz de oferecer uma proteção 24% maior contra a gripe em idosos. Ela também foi capaz de reduzir complicações sérias relacionadas à doença incluindo diminuição de 27% na hospitalização por pneumonia e de 18% nas internações por eventos cardiorrespiratórios.
Os efeitos colaterais são semelhantes ao da vacina tradicional. As únicas contraindicações para o imunizante de alta dose são pessoas com menos de 60 anos e quem tem alergia a ovo.
A gripe vai muito além de uma simples infecção respiratória e pode causar consequências graves e imprevisíveis. Basta lembrar da epidemia de H1N1, em 2009. Estudos mostram que nos primeiros três dias após uma infecção por gripe um adulto com mais de 40 anos apresenta um risco oito vezes maior de ter um acidente vascular cerebral (AVC) e dez vezes maior de ataque cardíaco.
“Estamos falando de uma doença causada por um vírus que é erroneamente considerada uma doença fraca. A gripe não é só um resfriado comum. É uma doença sistêmica que causa febre, dor de cabeça e pode desencadear uma série de problemas mais importantes, em especial em pessoas com mais de 60-65 anos de idade que já têm comorbidades, como diabetes, enfisema, hipertensão, colesterol alto, entre outras”, diz a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Um adulto com diabetes, por exemplo, possui um risco 75% maior de ter um evento glicêmico anormal após ter gripe. Evidências mostram que idosos permanecem com maior risco de AVC até 2 meses após uma infecção pelo vírus influenza.
A princípio, a nova vacina estará disponível apenas no sistema privado, a partir do mês de abril. O preço estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) é de R$ 162,93, mas o valor final para o consumidor pode variar de acordo com a alíquota de cada Estado e com os custos atrelados ao serviço de cada estabelecimento.
Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, a vacina quadrivalente de alta dose já é recomendada como imunizante preferencial para idosos. Richtmann espera que a incorporação da nova vacina ao SUS seja discutida para futuras temporadas.
“Quando se coloca na balança os custos de internação e outras consequências da gripe versus a prevenção, a prevenção sempre ganha”, avalia a infectologista.
O imunizante de alta dose chega ao país só agora, mas não é exatamente novo. A primeira versão da vacina, em formulação trivalente, foi aprovada nos Estados Unidos em 2009 e, por isso, chega ao Brasil com um robusto corpo de dados de eficácia. Mas a empresa esperou para trazer ao país a versão atualizada, que protege contra quatro variantes do influenza e não apenas três.
“Queríamos trazer a quadrivalente, que foi lançada na Europa em 2021, por causa da cepa B que é bem importante”, diz Homsani. As informações são do jornal O Globo.