Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de março de 2023
Após quase quatro meses vivendo nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sua chegada prevista ao Brasil na manhã desta quinta-feira (30). Ele deve desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília e há a expectativa de que participe de uma carreata pela cidade.
Bolsonaro deixou o Brasil no dia 30 de dezembro, dois dias antes do fim de seu mandato presidencial. Ele perdeu as eleições para Lula em uma disputa apertada no segundo turno. Em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), ele embarcou com assessores e a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para a Flórida.
Aliados do presidente, no entanto, avaliam que o retorno de Bolsonaro neste momento não acontece totalmente por acaso. Eles apontam que o cálculo de Bolsonaro para o seu retorno ao Brasil atendeu a pelo menos quatro principais motivos.
Confira os quatro principais fatores que influenciaram no cálculo de Bolsonaro para retornar ao Brasil:
Desgaste de Lula
A volta do ex-presidente tem como pano de fundo uma percepção de que, por vários fatores, Lula está em um momento de desgaste político acentuado e atípico para um mandatário que acabou de assumir a presidência.
Os episódios que melhor traduziriam esse desgaste aconteceram na semana passada. O primeiro foi durante uma entrevista de Lula ao Portal 247 em que ele usou um palavrão para se referir ao que pensava sobre o ex-juiz e agora senador Sérgio Moro durante o período em que esteve preso na carceragem da Polícia Federal no Paraná.
Em seguida, após a Polícia Federal deflagrar uma operação contra membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) que teriam planejado matar Moro e outras autoridades, Lula disse, disse, em uma entrevista, que acreditava que o plano seria uma “armação” de Moro.
A declaração causou reação negativa e foi rebatida por seus adversários e por Moro, que disse que Lula seria responsável por qualquer coisa que acontecesse à sua família.
Além do desgaste causado por suas declarações, Lula também enfrenta dificuldades junto ao Congresso Nacional. Apesar de ter distribuído ministérios para partidos do chamado Centrão, como o União Brasil, a percepção é de que seu governo ainda não tem uma base sólida no Parlamento capaz de aprovar seus projetos.
“A volta de Bolsonaro acontece em um momento em que o governo está batendo cabeça o tempo inteiro. Lula vem dando declarações desastrosas e isso tem aumentado o desgaste dele”, disse o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), um dos principais aliados de Bolsonaro.
Economia
Um outro ponto destacado por aliados de Bolsonaro ao analisar o que levou o ex-presidente a retornar agora é o cenário econômico do País. Quase três meses depois de assumir a Presidência da República, Lula ainda não conseguiu colher seus primeiros resultados positivos na área econômica.
Uma das principais e mais imediatas batalhas travadas por Lula nessa área tem sido a queda da taxa de juros básica da economia, definida pelo Banco Central e que tem como objetivo controlar o avanço da inflação.
Desde o início do mandato, Lula e seus aliados mais próximos têm feito críticas abertas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por conta do atual patamar da taxa de juros, que é de 13,75% ao ano, considerada uma das mais altas do mundo.
A crítica é de que as taxas nesse patamar desestimulam investimento privado, dificultando a geração de empregos e o crescimento do PIB. E o crescimento do PIB é uma das principais metas de Lula. Segundo o último boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, a previsão é de que a economia brasileira deva crescer em torno de 0,88% em 2023.
Oposição
Um dos fatores que, segundo aliados, também influenciou na escolha do momento de retorno de Bolsonaro é o fato de que, desde sua partida, a direita conservadora no País não teria encontrado nenhum outro substituto para liderar a oposição ao governo Lula.
A permanência de Bolsonaro nos EUA também vinha incomodando ex-aliados de seu governo com o presidente do Partido Republicanos, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, o deputado federal Marcos Pereira.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início deste mês, ele disse que Bolsonaro não seria uma liderança da oposição. “Acho que não, porque se fosse líder da oposição, ele teria de estar fazendo oposição aqui no Brasil. Ele é um turista nos Estados Unidos”, disse.
Cabos eleitorais
O outro fator apontado como determinante para o retorno de Bolsonaro ao Brasil é um plano do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, para usar o ex-presidente e sua mulher, Michelle Bolsonaro, como cabos eleitorais durante as eleições municipais de 2024.
A meta de Valdemar é que o partido conquiste pelo menos 1 mil prefeituras em todo o país no ano que vem. A ideia é quase triplicar o número de cidades comandadas pelo partido na comparação com as últimas eleições.
Em 2020, a legenda, quando ainda não tinha Bolsonaro como filiado, o PL ficou em sexto lugar em número de prefeituras conquistadas, com 345. Naquele ano, o partido que obteve o maior número de prefeituras havia sido o MDB, com 784.
Em 2022, o PL, ancorado no bolsonarismo, elegeu a maior bancada da Câmara dos Deputados: 99 parlamentares. No senado, o PL tem a segunda maior bancada, com 13 senadores, atrás apenas do PSD, com 15.