Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 4 de abril de 2023
Muitas denúncias já foram feitas à ouvidoria da estatal, mas a punição se resume a trocar um dos envolvidos de setor
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilA Petrobras informou nesta terça-feira (03) que criou um grupo de trabalho para revisar protocolos internos para o recebimento e o tratamento de denúncias de assédio e importunação sexual de funcionárias. A medida foi tomada depois da revelação de que um grupo de WhatsApp foi criado por empregadas da Petrobras para trocar informações sobre casos de assédio cometidos nas instalações operacionais e escritórios da estatal nos últimos anos. A informação foi revelada pela coluna de Ancelmo Gois, no GLOBO, no último sábado.
A notícia levou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a prometer reforçar ainda mais os controles na companhia contra o assédio sexual. Ele afirmou à coluna que defende uma política de tolerância zero nestes casos e já havia prometido ações neste sentido no início de março.
Segundo as informações compartilhadas pelas petroleiras no grupo, muitas denúncias já foram feitas à ouvidoria da estatal nos últimos anos, mas a punição, de acordo com os relatos, tem sido apenas trocar o assediador ou a vítima de setor. Algumas mulheres contaram que, nos dormitórios de plataformas, colocam cadeiras atrás da porta numa tentativa de se protegerem de assediadores.
20 de abril
Segundo a Petrobras, o resultado da reavaliação dos procedimentos internos no tratamento das denúncias de assédio sexual será conhecido até o dia 20 de abril, juntamente com as medidas que a empresa pretende adotar imediatamente para reforçar os controles.
“A nova gestão da companhia reitera que não tolera qualquer tipo de assédio e violência contra mulher. Ao longo de toda a análise, serão revistos os processos de proteção às denunciantes e de aplicação de punições, assim como as atribuições das áreas que são responsáveis pela apuração das denúncias. Também serão propostas ações para conscientização e prevenção de assédio em toda a companhia”, informou o comunicado da Petrobras divulgado na noite de ontem.
Segundo a estatal, o grupo de trabalho será coordenado pela gerente executiva de SMS (área responsável por saúde, meio ambiente e segurança), Daniele Lomba, e se reportará diretamente à diretoria executiva da Petrobras, liderada por Prates.
Entre os oito diretores da Petrobras escolhidos pelo atual presidente da estatal, há apenas uma mulher: Clarice Coppetti, diretora de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade. Em toda a história da Petrobras, apenas uma mulher presidiu a estatal: Graça Foster, no governo de Dilma Rousseff.
Participação dos funcionárioos
A comissão criada pela Petrobras terá representantes de áreas administrativas e operacionais, com participação de funcionários de diferentes áreas como Presidência, Ouvidoria, SMS, Recursos Humanos, Conformidade, Integridade Corporativa, Inteligência e Segurança Corporativa, Exploração e Produção, Responsabilidade Social e Integração de Negócios e Participações.
No comunicado, a Petrobras se solidarizou com vítimas e frisou que tem um canal de denúncia à disposição no endereço https://www.contatoseguro.com.br/petrobras. A partir dos registros, a empresa promete tomar “as medidas cabíveis para apuração e aplicação de sanções”.
“A Petrobras manifesta sua total solidariedade a todas as mulheres que passaram por situações de constrangimento ou violência em seus ambientes de trabalho. A companhia estimula que as mulheres que tenham vivenciado ou estejam vivenciando situações de assédio sexual registrem seus relatos no Canal Denúncia”, diz a nota. “A Petrobras reforça seu compromisso com a proteção às vítimas e enfatiza que a privacidade e o acolhimento às denunciantes serão garantidos.”