Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de abril de 2023
Além do ex-presidente da República, devem ser ouvidas outras dez testemunhas, simultaneamente e em salas diferentes da sede da Polícia Federal, em Brasília
Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilO ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou nesta quarta-feira (05) para prestar depoimento na sede da PF (Polícia Federal), em Brasília, no caso que investiga a entrada ilegal no país de joias dadas ao governo brasileiro pela Arábia Saudita.
Bolsonaro chegou em um carro descaracterizado. Serão colhidos dez testemunhos pela PF, simultaneamente e em salas diferentes. Entre as pessoas que serão ouvidas estão o ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo, tenente-coronel Mauro Cid, além de assessores do governo Bolsonaro e fiscais da Receita Federal.
O objetivo da polícia é confrontar informações e impedir compartilhamentos de estratégias de defesa. Mauro Cid era o homem de confiança de Bolsonaro, a quem era subordinado e cumpria determinações. Fontes próximas ao militar reforçaram que “Cid não dava um passo nem tomava um copo d’água sem autorização do ex-presidente”.
Outros depoimentos
Também estará na oitiva o coronel Marcelo Costa Câmara. Ele seria o operador de um gabinete paralelo de inteligência e segurança a serviço do ex-mandatário brasileiro.
O primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, que foi a Guarulhos (SP) tentar reaver as joias, já foi ouvido. Ele afirmou à Polícia Federal que foi ao aeroporto em dezembro do ano passado tentar retirar as peças após ordem do tenente Cleiton Henrique Holszchuk, assessor de Mauro Cid.
O momento em que o sargento tenta negociar a liberação das joias avaliadas em R$ 16,5 milhões na alfândega foi registrado por câmeras de segurança.
Oportunidade de reduzir desgaste
Aliados de Jair Bolsonaro veem uma oportunidade no depoimento para reduzir o desgaste com o escândalo das joias. A avaliação é que falta o ex-presidente colocar na rua a sua versão sobre o ocorrido e, ao esclarecer os fatos aos investigadores, ele abre caminho para isso.
Um desses aliados diz que, por conta disso, é “zero” a chance de Bolsonaro ficar em silêncio. Além da estratégia de dizer que os itens reunidos durante o mandato estão à disposição para auditoria e o que ele devolverá tudo o que eventualmente for solicitado, o entorno do ex-chefe do Executivo diz que o depoimento é chance de expor entendimento de que havia controvérsia sobre o que poderia ser classificado como bem de “caráter personalíssimo”.
Há entendimento por parte do grupo próximo ao político do PL (Partido Liberal) de que o caso se tornou um problema político e não somente jurídico. O episódio é de fácil entendimento pela população por envolver joias e valores elevados.